O MAMBA foi fundado em 1956 pelo poeta e crítico de arte Rafael Squirru, que o considerava um espaço de vanguarda para artes plásticas, fotografia e design. Nos primeiros anos trabalhou em várias locações da cidade de Buenos Aires, até sua chegada ao Teatro General San Martín, no início dos anos 1960.
Em 1986, ele foi premiado com sua atual sede no bairro de San Telmo, uma antiga fabrica de cigarros. Em 1997 surgiu a necessidade de ampliação para acolher a imenso acervo de; Fotografia, Design Industrial, Design Gráfico, Pintura, Esculturas, com mais de sete mil obras que cobrem a arte argentina desde a década de 1920 até os dias atuais.
As obras de remodelação começaram em 2005 e o museu permaneceu fechado ate 2010, quando as obras de integração ao prédio vizinho resultaram em uma fachada verde com inserção de vegetação nos diferentes níveis das três fachadas do edifício. Em 2018 finalizou a terceira fase, com a incorporação de duas novas salas, auditório e um elevador monta-cargas que permite aceder ao subsolo e movimentar as coleções que conformam sua amplia carteira de obras.
A incorporação de tecnologia de ponta, acompanhando e complementando os trabalhos de reforma e remodelação, coloca hoje o Museu de Arte Moderna de Buenos Aires no auge dos museus mais modernos do mundo, permitindo acolher importantes mostras nacionais e internacionais.
Assim foi que o MAMBA por fim viu seu sonho realizado, se integrando ao circuito turístico mais famoso da cidade de Buenos Aires, o antigo bairro de San Telmo.
Museu de Arte Moderna (MAMBA)
O MAMBA foi criado por iniciativa do crítico de arte Rafael Squirru em 1956 e, durante anos, era uma espécie de museu fantasma sem sede própria, cujas amostras foram colhidas em diferentes espaços da cidade. Foi assim que funcionou até que ele chegar temporariamente ao Teatro San Martín localizado na famosa Avda. Corrientes.
Em 1984, encontraria sua sede final no famoso bairro de San Telmo num antigo prédio industrial na esquina da Avda. San Juan e a rua Defensa, a um quarteirão de distância da Plaza Dorrego, sede da famosa Feira de San Telmo.

O edifício do Museu de Arte Moderna (MAMBA) foi desenvolvido reutilizando as estruturas existentes da antiga fábrica de tabaco Nobleza Picardo, construída na década de 1920 e o prédio vizinho que pertencia à empresa IGGAM. Ambos os edifícios foram adquiridos pela Prefeitura e adaptados às necessidades funcionais do Museu, integrando não apenas sua fachada, mas também todas as suas funcionalidades.
Como legado desse passado da empresa de tabaco, em vários pontos da fachada do museu é possível ver restaurados os logotipos dos cigarros “43”.
A antiga Fabrica de Cigarros
As origens de Nobleza Picardo datam de 1898 expandindo-se em 1918 para o prédio que hoje ocupa o MAMBA, na Avenida San Juan 350.

Ao longo de décadas, diante do avanço das marcas internacionais, a resistência nacional ficou nas mãos de um punhado de pequenas empresas de tabaco. As poucas marcas nacionais que sobrevivem no mercado argentino não chegam a dez. Juntas, todas as marcas argentinas não atingem 5% do total de vendas no pais.
Entre os sobreviventes, destaca-se o caso 43/70, cujo nome deriva da marca 43, que foi um dos primeiros cigarros pretos a serem vendidos no país, no final do século XIX.
Na indústria do tabaco cada empresa elabora distintos tipos de misturas (suaves, fortes) e lança ao mercado diferentes marcas como estratégia de venta. As migrações de marca são uma estratégia comum e necessária, usada em todo o mundo e em diferentes categorias de produtos, determinando o ciclo de vida de cada marca.
Nos anos 90, a empresa de tabaco Nobleza Piccardo, subsidiária local da multinacional British American Tobbaco (BAT), tirou do mercado a Jockey Club e Derby, duas das marcas de cigarros mais emblemáticas do mercado local em favor de uma marca Internacional como Pall Mall. Por parte da fabrica isto é explicado por uma combinação de mudanças nos gostos dos fumantes argentinos, que a partir dos anos 90 começaram a priorizar marcas estrangeiras, somados ao problema da proibição quase total de fazer publicidade em quase todas as medias.
Atualmente, as vendas da Philip Morris e Marlboro – as marcas número um e dois no país – representam quase 70% do mercado argentino de tabaco, e o terceiro lugar no ranking é disputado por duas outras marcas de origem internacional, como Lucky Strike e Camel.

Na década de 1960, a marca foi renomeada para 43/70, com uma fórmula que reduzia a participação do tabaco preto de 100% para 70%, inaugurando a categoria “negros dourados”. O declínio das marcas nacionais de cigarros não apenas beneficiou as grandes multinacionais sediadas nos Estados Unidos ou na Europa. Com um perfil extremamente baixo, nos últimos anos algumas marcas chinesas começaram a chegar aos quiosques argentinos. O pioneiro foi o Harmony e Baisha – que substituiram outra marca emblemática nacional como o “Colorado” no portfólio da empresa Massalin – e a marca Gems, que chegou ao país através de um acordo entre a fábrica chinesa Hongta Tobacco e a empresa de tabaco argentina Jujeña Monterrico.
O desembarque de cigarros chineses faz parte de um acordo mais amplo pelas quais multinacionais como Philip Morris ou BAT obtêm o sinal verde para começar a comercializar seus produtos na China, que hoje em dia é o principal consumidor mundial de cigarros. Em retorno, eles estão comprometidos em promover marcas chinesas em outros mercados, como a Argentina.
O projeto Ambasz
O processo de transformação começou em 1997. Naquela época, o MAMBA já estava instalado e operando na antiga fábrica de tabaco, mas apresentava sérias deficiências, por exemplo, no tamanho do espaço adequado para exposições. O espaço era ideal por suas dimensões e estilo, mas era evidente que precisava ser reformado e recondicionado para adaptá-lo à sua nova função.
A decisão foi tomada em 1997, quando o projeto foi encomendado a Emilio Ambasz, o arquiteto argentino com sede em Nova York, famoso por seus “telhados verdes”.
O arquiteto e designer argentino Emilio Ambasz fez o projeto preliminar do museu, a que sería sua primeira obra em Argentina. Ambazs doou o projeto, mas ele teve que esperar doze anos para que começassem a trabalhar.
O projeto arquitetônico compreendia a integração de toda a estrutura do museu onde anteriormente funcionava a fábrica de tabaco NOBLEZA PICCARDO, e o prédio localizado na esquina da Av. San Juan e Defensa, que pertencia às aficinas comerciais da empresa IGGAM que tinha sido adquirido pelo Govierno de la Ciudad de Buenos Aires em 1996.
Depois de seis anos de atrasos e idas e vindas incessantes, que incluíram apelos judiciais e a recusa do BID em financiar o projeto, finalmente o governo da cidade (GCBA) decidiu alocar 20 milhões de seus recursos para erigir o museu. A partir da idéia original, foi planejada a construção do Pólo Cultural Sul, que abrigaria dois museus: um para o Museu de Arte Moderna e outro para o Museu de Cinema (que finalmente fixaria sua sede na atual Usina del Arte).
A partir de 2005 ate 2010 o museu permaneceu fechado para finalmente encarar o projeto de Emilio Ambasz, na reforma estrutural e funcional completa do museu. O projeto foi planejado em três fases. A primeira fase contemplava a restauração e integração da fachada, dois salas, uma no térreo e outra no andar superior, 3000 m2 no total, com um orçamento de catorze milhões de dólares.
As obras de remodelação e restauração incluíram todos os equipamentos e infraestrutura para a operação do museu, como sistemas de segurança, saídas de emergência, sistemas de combate a incêndio, ar condicionado, iluminação, elevadores e controle de acesso. Destaque também para o subsolo do museu, que foi ampliado e muito bem acondicionado, onde funciona o talher de restauração do museu (Sup 100 m2) e as bodegas (armazenamento de quadros, Sup 415 m2).
As outras duas fases foram concluídas incorporando duas novas salas e o auditório, atingindo uma área final de 11.000 m2. A última extensão concluída em 2018 é assinada pelo estudo MSGSSS / Vinson, enquanto os arquitetos Carlos Salaberry e Matías Ragonese foram responsáveis pelo projeto.
Acervo
A coleção do museu – cerca de sete mil obras – cobre a arte argentina desde a década de 1920 até os dias atuais. O ponto forte são as obras representativas dos anos 40, 50 e 60. É uma coleção meticulosa e rigorosa quando se trata de contar a história da arte argentina do século passado.

Existem obras importantes do Grupo de Arte Concreto e o Grupo Madí (Kosice, Maldonado, Lozza); do informalismo argentino (Kemble, Greco, Santantonín); arte cinética (Le Parc e Tomasello); Arte política de Berni; da nova figuração (Noé, De la Vega, Macció, Deira); dos conceituais (Porter); Land Art (García Uriburu), juntamente com o trabalho de escultores como Vitullo, Curatella Manes, Iommi e Heredia, entre outros.
Entre as importantes doações que o Museu recebeu nos últimos anos, estão as coleções completas de Fotografia, Design Industrial e Design Gráfico Argentino. É completado com um amplo panorama de desenho e gravura.
A Casa do Naranjo: Arqueologia e história da casa mais antiga de Buenos Aires

Os trabalhos de restauração e preservação dos restos arqueológicos existentes no que é agora o Auditório MAMBA, e que correspondem às fundações da Casa del Naranjo, merecem um post separado. Trata-se da casa mais antiga de Buenos Aires, cujas fundações foram arqueologicamente restauradas.
É uma construção do final da era colonial data possivelmente do ano 1798, que foi encontrada quase completa, o que tornou-se única por seu valor histórico e patrimonial. A descoberta foi seguida por anos de estudos e discussões em torno de sua preservação.
fonte:
- https://www.museomoderno.org
- https://www.perfil.com
- https://www.lanacion.com.ar
- https://www.clarin.com
- LA CASA DEL NARANJO. Arqueología de la arquitectura en el contexto municipal de Buenos Aires – Daniel Schávelzon