IGREJA NOSSA SENHORA da MERCED – PARTE III: O interior do Templo

A construção da igreja e do convento de La Merced data do início do século XVIII, quando os primeiros arquitetos jesuítas da Espanha chegaram a estas terras. Em 1721, a pedra fundamental foi abençoada e a consagração do templo ocorreu entre 25 de outubro e 1º de novembro de 1789.

O interior da igreja mantém o seu caráter original, embora as pinturas decorativas e os vitrais adicionados no início do século o tenham tornado visivelmente obscuro. Em 1894 teve lugar uma grande remodelação a cargo do arquiteto Juan Antonio Buschiazzo. Em 1954 o arquiteto Andrés Millé conduziu a restauração do nártex para seu estado original, resgatando assim uma linguagem mais próxima á original.

Igreja Nossa Senhora da Merced


A igreja, precedida por aquele amplo átrio que a liga ao seu entorno urbano, tem nave única e capelas laterais profundas; no transepto, uma cúpula ergue-se sobre um tambor cilíndrico. O presbitério, mais estreito que a nave, termina em frente/testero recto.

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Do claustro do convento avista-se parte da fachada norte, quase intacta, apesar das alterações introduzidas no início do século, com a adição de grades, circundando o átrio; a velha janela do coro foi substituída por uma rosácea com vitrais; estátuas foram colocadas nos nichos.

Na fachada, cujo topo curvo coroado por pináculos caracteriza o edifício, foi acrescentado um conjunto escultórico representando Belgrano oferecendo a o “bastón de mando” do Exército do Norte à Virgem da Merced.

A nave


A Igreja da Merced é um expoente do barroco colonial, com pilares coríntios, arcos que separam as capelas laterais e um amplo transepto coroado por sua cúpula. Tem linhas gerais severas, decoração sóbria e belas pinturas que conferem-lhe a harmonia e a seriedade que ela impõe.

A sua planta apresenta características particulares, pois apesar de possuir uma nave única, é mais elevada do que outras do mesmo tipo.

O interior do templo mantém seu caráter original, embora as pinturas decorativas e os vitrais adicionados no início do século o tenham tornado visivelmente obscuro. Ultimamente restaurou-se os nichos nas laterais dos altares, embora menores e de estilo diferente dos outros que adornam a igreja.

Os afrescos decorativos na cúpula são em estilo renascentista, projetados pelo artista italiano Luiggi Rossi. Também há seis pinturas que a decoram, cada uma com um anjo pintado pelo florentino Ernesto Bellandi.

Nartex


Acima na entrada, o nartex, onde se encontram o Coro e o Órgão. O antigo órgão da Merced que foi substituído pelo atual em 1897, (marca alemã da casa Walcker), ele está preservado na paroquia de San Ponciano na cidade de La Plata, foi substituído.

A porta da frente tem dois vitrais: a “Anunciação” (doado por Crescencia Rufino de Tarragona) e a “Assunção” (doado por Isabel de Anchorena). A seus lados, dois outros, nas respectivas portas laterais: San Pedro e San Martín de Tours (pagos pelo último dos mencionados).

Altar-mor


O altar-mor que hoje admiramos foi construído pelo mestre entalhador Tomás Saravia entre 1783 e 1788 (os quatro grandes lustres de madeira junto ao altar-mor são também obra de ele e datam de 1795). Posteriormente, o arquiteto Juan J. Fortini dirigiu as obras de renovação, criando abnegadamente as plantas e modelos do novo Tabernáculo em 1906. A referida reforma e a douradura do altar foram executadas pelo artista Juan Cammetiello.

Na frente está a imagem de Nossa Senhora da Merced e em ambos os lados: abaixo, San Pedro Nolasco (1180-1245) e San Pedro Pascual (1227-1300); e acima, dois outros santos mercedários, San Pedro Armengol (1250-1304), protetor dos jovens em perigo, e a beata Mariana de Jesús (1565-1624), a humilde conselheira madrilena da Coroa.

Em segundo plano, admiramos um medalhão que representa a Virgem, São Pedro Nolasco e ao Rei Jaime I de Aragão, fundadores da Ordem dos Mercedários. Dois grandes escudos completam este plano: o do Rei da Espanha e o da Ordem Mercedária. A imagem primitiva que presidia ao altar foi trazida a Montevidéu em 1780 com todos os seus vestidos e joias. A que se seguiu e ocupou o nicho central do altar-mor entre 1780 e 1890, situa-se na Sacristia e é exposta para as festas da Virgem em setembro. O que hoje está exposto é de 1890, obra do artista Castellanos.

Altares Laterais


Os altares, excelentes exemplos dos estilos barroco e rococó, apresentam valiosas imagens religiosas, entre as quais se destaca o Cristo da Humildade e da Paciência do século XVIII.

Não há notícias da construção destes três altares com motivos mercedários: o de Santa María de Cervelló ou del Socorro (1230-1290). a primeira freira da ordem que, quando jovem, ajudou San Pedro Nolasco a cuidar e a recuperar os redimidos, o de San Serapio (1175-1240), protetor mercedário dos enfermos; e a de Santa Bárbara.

  • Altar do Trânsito de San Pedro Nolasco, dos Santos da Ordem e Imagem do Senhor da Humildade e da Paciência
  • Altar de San Serapio
  • Altar de San Joaquín e Santa Ana com a Virgem
  • Altar de San Judas Tadeo
  • Altar de San José
  • Altar do Calvário
  • Altar de Santa Bárbara
  • Altar de Santa María Del Socorro em Cervellón
  • Altar da Santíssima Trindade
  • Altar de San Ramón

Os confessionários foram trazidos de Roma em 1901.

Em dezembro de 1887 foram colocados os vitrais da igreja, sendo os detalhes deles e de seus doadores os seguintes: o Triunfo da Religião (Isabel de Anchorena); a Transfiguração do Senhor (Juana Chas de Bunge); Jesus e as crianças (Felisa Dorrego de Miró); o Coração de Jesus e Santa Margarida (Manuel Ortiz Basualdo); o Anjo da Guarda (Carmen de Anchorena); San Genaro (Juan G. Peña); San Antonio de Padua (Manuel de Uribelarrea); San Francisco de Asís (a igreja); São Diego de Alcalá (Micaela Barruti de Cabral); San Juan Bautista (León Gallardo); Nossa Senhora dos Anjos (Adela Blaye de Peña); Nossa Senhora do Rosário (Carmen García de Zúñiga de Marín); San Luis, Obispo (Angela Dorrego de Ortiz Basualdo); Santa Teresa de Jesús (Luis Ortiz Basualdo); San Fermín, Obispo (Daniel e Carlos Ortiz Basualdo); Santa Inés (Mercedes Dorrego); Santa Rosa de Lima (Clara García de Zúñiga de Anchorena); Santa Isabel, rainha de Portugal (Isabel Z. de Peña); São Gregório Magno (Robustiana Frías); o Santo Rei David (José de Carabassa); Santa Cecilia (María Güiraldes de Guerrico); San Arnoldo, (santo músico, pago pela paróquia).

O púlpito, de autor desconhecido, é de 1788. É rematado com a talha de São Pedro Pascual. Foi dourada e pintada pelo mestre Antonio Rivero no final do século XVIII e posteriormente em 1894. De estilo barroco e de grande valor artístico, destaca-se no centro o escudo da Merced.

Em junho de 1889 foi inaugurado o piso de mosaico inglês, pago por Juana Chas de Bunge.

Durante os primeiros séculos de dominação espanhola, o envio de gravuras e pinturas de Flandres para os reinos americanos foi sistemático. Na cidade de Antuérpia havia oficinas cuja produção em série tinha como objetivo exclusivo o comércio exterior. Por isso, não é de estranhar que possamos encontrar pinturas flamencas em áreas marginais dos séculos XVII e XVIII como o Tucumán e o Río da Plata. Uma das produções mais comuns, de acordo com os gostos e as necessidades didático-devocionais da época, foram as séries de pinturas que desenvolveram cenas da vida de Jesus, da Virgem e dos santos.

Em 1894, quando muitas igrejas coloniais passaram por grandes reformas segundo os critérios do ecletismo, a igreja de La Merced foi transformada em uma basílica neo-renascentista. Seis das doze pinturas flamencas dedicadas à vida da Virgem foram transferidas para o Convento de Santo Domingo.

Durante os incêndios de 1955, o quadro que representa a Assunção foi destruído. Quinze anos depois, o Museu Fernández Blanco, a pedido de seu diretor, Professor Héctor Schenone, adquiriu as cinco pinturas restantes do convento: A Natividade da Virgem, a Apresentação no templo, a Visitação, a Fuga ao Egito e a Trânsito e Dormição.

Restaurações


Em 1894 ocorreu uma grande remodelação, incluindo a sua fachada monumental. A tarefa ficou a cargo de Juan Antonio Buschiazzo. Ele fez uma série de modificações, incluindo a inclusão do relevo localizado no tímpano da fachada. Também do rosetón central. Durante a obra, os nichos originais da ordem inferior foram cegados e esculturas colocadas no andar superior.

Em 1917, o Papa Bento XV conferiu-lhe a hierarquia da Basílica Menor.

Em 1954 o arquiteto Andrés Millé (também restaurador da igreja do Pilar), conduziu a restauração do nártex para seu estado original, retirando os ornamentos agregados pela reforma de 1894. Os interiores também foram trabalhados por diversos artistas, que realizaram pinturas murais e estuques que deram mais esplendor a aqueles interiores sóbrios da época colonial.

O templo foi restaurado novamente neste século. A obra esteve a cargo do Ministério de Obras Públicas da Nação, entre 2001 e 2007. Foi realizada por uma equipe da Direcção Nacional de Arquitectura liderada pela arquiteta Teresa Gowland junto a 12 restauradores.

 

 

fonte:

  • https://historiaybiografias.com/historia_basilica_merced/
  • Los Monumentos y Lugares Históricos de Argentina Carlos Vigil -Edit. Atlántida (2)
  • http://arqi.com.ar/edificio/iglesia-de-la-merced/

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