Dos passeios imperdíveis na capital da Argentina, esta o passeio na feirinha mais tradicional de Buenos Aires, a famosa Feira de San Telmo que acontece todos os domingos.
Conhecido como o bairro boêmio da cidade, San Telmo abriga muitos antiquários e os famosos cafés tradicionais argentinos “bares notables”, restaurantes, museus e a Igreja San Pedro Telmo, que junto á Praça Dorrego conformam o coração do bairro portenho.
Desde os tempos coloniais San Telmo foi habitada pelas famílias mais ricas da cidade até que, em 1871, a epidemia de febre amarela atingiu a área e os sobreviventes se mudaram para o norte da cidade, nos bairros de San Nicolás e Recoleta. Após a fuga das famílias abastadas, os imigrantes europeus aproveitaram os edifícios coloniais onde se aglomeravam nos chamados “conventillos”, em pequenos cómodos.
San Telmo é um dos bairros mais bem preservados da cidade e está cheio de atrações como o Mercado de San Telmo, o Museu Zanjón de Granados, o Passeio da la Historieta, alias de teatros e Centros Culturais.
Historia da Igreja San Pedro Telmo
A expulsão dos jesuítas do Império Espanhol, ordenada por Carlos III em 1767, foi o evento desencadeador da transformação do Bairro de Alto de San Pedro, no Bairro de San Telmo.
Na época da colônia, o bairro de San Telmo era conhecido como “Alto de San Pedro” e era um dos mais distantes do centro. Este bairro era formado por lugares encharcados, separados do bairro “Catedral” e “Concepção” pelo córrego Tercero del Sur. Como a assistência espiritual daqueles que a habitaram se tornou difícil, especialmente nas estações chuvosas, os frades da Companhia de Jesus decidem construir uma igreja e uma residência sob o patrocínio de Nossa Senhora de Belém.
A construção começou em 1734. Embora a construção levasse vários anos, em 1735 as instalações da comunidade religiosa e uma pequena capela haviam sido erguidas. Somente em 1767 uma das naves do templo foi concluída e os serviços litúrgicos começaram a ser prestados. Mas, no mesmo ano, os jesuítas foram expulsos dos domínios espanhóis.
Em 1795, os frades Betlemitas chegam para assumir e transferem o Hospital do Rei para a antiga residência. Eles também assumiram a igreja.
Somente em 1806 a igreja será finalmente designada como sede da nova Paróquia de San Pedro Telmo assumindo o novo patrono como jefe espiritual do bairro de San Telmo. Em 31 de maio de 1806, graças á iniciativa do Bispo Lué estabeleceu-se a paróquia de San Pedro González Telmo, tirada da jurisdição da paróquia de Conceição. Foi assim, somente um século depois da chegada dos frades Bethlemitas, e foi assim que oficialmente em 1813 que foi designada a denominação atual da igreja como nova sede do Curato San Pedro Gonzalez Telmo.
A construção da igreja foi concluída em 1876, quando as duas torres projetadas pelo engenheiro e arquiteto Pedro Benoit foram concluídas.
Por que “Telmo”?
San Telmo deve o seu nome a Santo Erasmo (também conhecido como Sant’Elmo em Itália ou Santo Elmo ou São Telmo, em Espanha y Portugal). Santo Erasmo viveu no Século IV. Torturado pelos romanos seu ventre foi cortado cruelmente. Por isso, ele também é invocado como protetor contra as doenças intestinais. Por causa das tormentas que viveu em seu corpo, Santo Erasmo também é invocado pelos marinheiros na proteção contra as tormentas do mar.
Por outro lado, San Pedro González era um pregador dominicano espanhol do século XIII, padroeiro dos marinheiros e protetor contra raios, tempestades e naufrágios. A partir do século XVI, o culto a San Pedro González ganhou popularidade, espalhando-se por toda a Espanha (toda a costa cantábrica), Portugal e, é claro, a América. Seus presságios relacionados a tempestades fazem dele o santo da moda a ser invocado nas longas e perigosas viagens ao Novo Mundo.
“San Telmo” resulta então em um erro fonético com o mártir São Erasmo, São Elmo para o norte da Europa, que era patrono dos marítimos muito antes. A proximidade geográfica da Galiza com a Inglaterra, o intercâmbio entre marinheiros e a devoção a Santo Elmo e San Pedro González ao mesmo tempo deram ao santo espanhol o apelido de “San Telmo”.
O culto a San Pedro Telmo em Argentina
As irmandades de Buenos Aires são documentadas desde o início do século XVII, como é o caso da Irmandade da Virgem do Rosário, registrada em um documento por volta de 1602, por parte dos Frades Dominicanos se estabeleceram no local localizado na esquina das ruas Defensa e Belgrano, onde construíram a Capela de Nossa Senhora do Rosário e a partir de 1605 iniciaram as primeiras obras do Convento de San Pedro González Telmo (atualmente chamado Convento de Santo Domingo).
O convento é designado pelo nome do reverenciado San Pedro Gonzalez Telmo, um pregador dominicano espanhol do século XIII padroeiro dos marinheiros e protetor contra raios, tempestades e naufrágios. A partir do século XVI, o culto a San Pedro González ganhou popularidade, espalhando-se por toda a Espanha (em toda a costa cantábrica), Portugal e claro, a América. Seus presságios relacionados a tempestades fazem dele o santo da moda a ser invocado nas longas e perigosas viagens ao Novo Mundo.
Embora as terceiras ordens mais importantes de Buenos Aires fossem as de Santo Domingo e São Francisco, havia outras que, com menos intensidade, concentraram alguns membros da sociedade colonial, como os Agostinianos, os Mercedários e os Betlemitas.
Em 1623, já existiam treze irmandades em Buenos Aires, as quais, junto ao crescimento populacional, evoluíram com a cidade em volume e quantidade.
Não é de surpreender que em uma cidade tão ligada ao mar, logo sugira devoção e culto a San Telmo, com uma irmandade/cofradía a San Telmo, sediada na Igreja de Nossa Senhora do Rosário. Existem documentos da época, onde o Hermano Mayor da Cofradía de San Pedro Gonzalez Telmo, para os anos de 1637, recorreu ao Sr. Deán Zaldívar, para obter permissão afim de coletar esmolas para a referida irmandade.
A história desta primitiva irmandade não é conhecida, nem quando e nem qual foi o motivo do desaparecimento de sua sede na Igreja do Rosario, mas em 1676 o tenente Mathias de Flores pediu a Dom Manuel Antonio de la Torre permissão para reunir na Igreja da Conceição os devotos de San Pedro Gonzalez Telmo. Assim, inicia-se uma nova etapa da Cofradía de San Pedro Gonzalez Telmo, passando da igreja dos Dominicos à igreja da Conceição, sob a proteção e o cuidado de seus devotos.
San Pedro Gonzalez Telmo, sendo um santo tão venerado na Itália, Espanha e Portugal, não por acaso foi muito popular entre os imigrantes desde os começos da colônia. Sendo um santo muito acolhido pela irmandade dos domínicos, a primeira Cofradía de San Pedro Gonzalez Telmo surgiu dentro da Igreja do Rosário e o Convento. Tempo depois mudaram-se para a paróquia de Conceição.

Daquela igreja fundada pelos Frades Jesuítas em 1734 no bairro de San Telmo, para 1767 uma das naves do templo estava concluída, mas no mesmo ano, eles foram expulsos dos domínios espanhóis. Em 1795 com a chegada dos frades Betlemitas a igreja continuo sob o patrocínio da Virgem Nossa Senhora de Belém.
Durante a ao período chamado Revolução de Maio (1810-1816), quando as forças patriotas lutavam para expulsar os espanhóis e conquistar finalmente a ansiada independência da Argentina, foi no ano de 1813, que a antiga igreja jesuíta recebeu a denominação atual de paróquia de San Pedro González Telmo.
Finalmente a irmandade do Santo Protetor dos marinos viajantes, conseguiu achar uma igreja para seu santo patrono, ainda que aquela cofradía da paróquia de Conceição já não existisse mais.
Praça Dorrego
O coração de San Telmo gira em torno da Praça Dorrego, a mais antiga da cidade depois da Plaza de Mayo.
Durante a época colonial, o lugar era uma parada obrigatória das carretas que chegavam com mercadoria do interior e do porto de Buenos Aires localizado nesse momento no bairro de La Boca, antes de continuar viagem até a Praça do Mercado, hoje Plaza de Mayo. Esse lugar era conhecido com o nome de “Altos de San Pedro” ou “Ex-Mercado de Carretas”.
Esta praça tinha sido o cenário da adesão portenha à Independência declarada por Argentina em 1816 na cidade de San Miguel de Tucumán. E por esse importante acontecimento a praça foi declarada lugar histórico em 1978.
Foi entorno de 1900 quando foi batizada com o atual nome de “Praça Dorrego”, é um dos lugares mais famosos da cidade de Buenos Aires. Esta pequena praça aninhada entre as casas antigas do bairro de San Telmo, durante a semana os dias passam pacificamente por suas ruas estreitas e o som inconfundível das mais diversas línguas estrangeiras dos turistas que visitam suas lojas de antiguidades e design.
Na Praça Dorrego, localizada na Rua Humberto Primo com a Rua Defensa, o tango e a milonga são apresentados com a melhor qualidade por artistas da rua, que acabam-se misturando com os aficionados que dançam desde à tarde até o início da noite.
No domingo, a praça e a Rua da Defesa mudam completamente de cenário e se transformam em uma infinita Feira de Artesanato, cheia de arte, bijuterias, roupas e tudo o que um turista sempre tenta levar: lembrancinhas.
Feira de San Telmo
Trata-se de um dos passeios mais procurados pelos turistas na cidade, atraindo os apaixonados por história, antiguidades, artesanato e bugigangas.
A Feira de San Telmo é um dos principais pontos turísticos de San Telmo e recebe cerca de 20 mil visitantes a cada edição, incluindo muitos turistas. Desde novembro de 1970, afeira de antiguidades ocorre todos os domingos, das 10h às 17h, na volta da Plaza Dorrego.
Atualmente com 270 postos, a feira começou com apenas 30 barracas de estrutura de ferro e lona cinza. A maioria de seus comerciantes iniciais foi atraída a participar por meio de um anúncio no jornal, encomendado por José María Peña, fundador do Museo de la Ciudad (Museu da Cidade), responsável pela feira semanal.
Assim, em 1970, foi criada a feira de antiguidades Plaza Dorrego e foi revalidada a preservação do importante patrimônio arquitetônico da região.
Para ser um barraqueiro na feira é preciso respeitar algumas exigências: as mercadorias devem ser anteriores ao ano de 1970. Essa regra funciona até os dias de hoje e a feira é sempre fiscalizada.
Por ser ponto de concentração turística, artistas dos mais variados gêneros se apresentam durante a Feira de San Telmo e fazem do bairro um espetáculo à parte. Dançarinos, atores, músicos, desenhistas, músicos, e diversos artistas independentes se apresentam em troca de diversão e de alguns pesos argentinos.
Como a feirinha foi ficando famosa e se expandindo cada dia mais, com o passar dos anos estendeu-se pela Calle Defensa, ocupando mais de 7 quarteirões. Vale ressaltar que as barraquinhas que ficam nessa rua não fazem parte da Feira de San Telmo (a oficial), e por isso não são fiscalizadas pelo Museu da Cidade.
Mercado San Telmo
O edifício foi projetado pelo arquiteto engenheiro Juan Antonio Buschiazzo para o empresário Antonio Devoto, e seu corpo central, com uma entrada na esquina das ruas Bolívar e Carlos Calvo, data de 1897.

É uma grande estrutura com teto de viga de ferro com chapas de cinc e peças de vidro. A fachada é de estilo italiano, com arcos semicirculares e ordem toscana que abriga instalações com acesso privado direto da calçada, incluindo sacolão, lojas de bebidas, um restaurante e dois bares notáveis: “San Pedro Telmo” e “La Coruña”.
No interior, existem lojas de peixe, carne, frango e porco; legumes e frutas estão concentrados no corpo principal da planta retangular, em direção à rua Bolívar. Apesar de preservar as lojas antigas que vendiam legumes e carne, hoje é um local turístico onde abundam também os antiquários e uma grande oferta gastronômica.
Em 1930, dois corredores foram adicionados com saídas nas ruas Defesa e dos Estados Unidos. Os antiquários estão concentrados nas duas extensões em forma de corredor que levam às ruas da Defesa e dos Estados Unidos. Enquanto o primeiro é elevado e conectado ao corpo central por meio de uma rampa e escada, o outro é mais largo e possui uma doca central correspondente a antiga entrada dos veículos (sem esse uso no momento). Desse modo, as antigas barracas “do bairro” que foram preservadas por várias décadas coexistem com antiquários, mais recentes e relacionados ao boom do turismo em San Telmo.
Portas, antiguidades, lámpadas velhas, relógios sem uso, rádios, televisores branco e preto, câmaras de fotos, bandeiras, sifões, mates, espelhos, brinquedos velhos que alegraram a várias gerações, discos de pasta, toca-discos, rádios e fonolas velhas, algum acordeão, cristaleria e prataria de princípio do 1900, tapetes, mantilhas e velhos vestidos de noiva. Tudo vale.
fonte:
- Iglesia San Pedro González Telmo – Nora Bazzi Figueroa de Pérez Alen (1)
- Los Límites Primitivos de San Telmo – Dr. Rafael Berruti (2)
- Los hospitales coloniales- Federico Pérgola (3)
- www.revisionistas.com.ar