Igreja Santa Efigênia dos Pretos, Ouro Preto (MG) – Parte I: O velho bairro de Padre Faria foi refugio da espiritualidade negra

Conhecida como Igreja de Santa Efigênia dos Pretos, ou ainda de Igreja de Nossa Senhora do Rosário do Alto da Cruz faz parte do conjunto arquitetônico barroco de Ouro Preto na parte mais antiga do velho bairro do Padre Faria. Fica situada no topo de uma colina e acessível por ladeira íngreme, abrangendo uma larga visão sobre a cidade.

OURO PRETO: História


A cidade foi fundada em 1698 por bandeirantes paulistas com o nome de Vila Rica de Albuquerque. Em 1823, após a Independência do Brasil, recebe o nome de Cidade de Ouro Preto e tornou-se a capital da Província de Minas Gerais. Em 1897, a cidade perdeu a condição de capital para Belo Horizonte. 

Estrada real Iluminação arquitetura barroco Nossa Senhora do Rosário Aleijadinho Brasil Unesco Patrimônio Mundial

Ouro Preto e a primeira cidade brasileira a receber o título de Patrimônio Mundial, conferido pela Unesco, em 1980

A partir de meados do século XVIII, em substituição às técnicas de pau-a-pique e adobe, as construções passaram a ser de pedra e cal, expressão da riqueza propiciada pela exploração do ouro e do trabalho escravo. A descoberta de ouro durante o denominado “Período de Mineração”, propiciou enorme desenvolvimento artístico nas letras, arquitetura, pintura e escultura de cidade. Excepcionais artistas – como o escultor Aleijadinho e o pintor Manoel da Costa Athaíde – possibilitaram a construção de monumentos que destacam a cidade na arquitetura mundial, pelo esplendor do admirado barroco mineiro, fruto, entre outros, da genialidade desses seus principais artífices.

O patrimônio histórico mantém-se perfeitamente legível devido não só à estagnação econômica sofrida pela cidade na primeira metade do século XX, mas, principalmente, pelas medidas de proteção que se seguiram ao seu tombamento.

 

Igreja de Santa Efigênia


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  • Localização: Bairro de Santa Efigênia, no alto da ladeira do Vira-saia.
  • Data da construção: 19° Quartel do Século XVIII.
  • Autor do projeto: Manuel Francisco Lisboa.
  • Proprietário: Arquidiocese de Mariana, Irmandade de Nossa Senhora do Rosário.
  • Tombamento: Processo nº 75-T, Inscrição nº 241, Livro Belas-Artes.
  • Trabalho de restauração: 2007 – 2014.

A igreja pertence a Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos da Freguesia de Antônio Dias. Segundo a tradição, existiu no local anteriormente uma ermida dedicada a Santa Efigênia, razão pela qual a atual igreja conserva as duas denominações. As irmandades do Rosário foram um dos refúgios dos negros escravos, que encontravam na religião uma ilusão de liberdade, ao mesmo tempo que um conforto para seus males.

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A construção durou mais de meio século, de 1733 a 1785, na época em que o Brasil ainda era colonizado pelos portugueses. Trabalharam artistas e entalhadores, entre eles o português José Coelho de Noronha (1704-1765), mestre de Antonio Francisco Lisboa, o Aleijadinho (1738-1814),

Manoel Francisco de Araújo, autor do desenho da fachada, e Francisco Xavier de Brito, que chegou a Vila Rica em 1741 e executou também a talha-mor da Basílica de Nossa Senhora do Pilar.

Planta


Característica de todas as igrejas de Ouro Preto, sem qualquer exceção é que a sacristia desloca-se para traz da igreja ocupando toda a parte dos fundos. Por cima da sacristia, aparece o consistório.

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A planta da igreja de Santa Efigênia pode ser considerada como uma simplificação da planta tradicional, visando à obtenção de formas mais elegantes e funcionais.

Os corredores laterais ao longo da nave ocupam apenas a área do altar e do presbitério, em quanto a projeção lateral das torres da fachada, já denunciam um período de evolução da arquitetura religiosa mineira.

A autoria da planta da Matriz é atribuída ao arquiteto português Manuel Francisco Lisboa, pai do famoso Aleijadinho

Segundo o Livro de Receita e Despesa da Irmandade (1733-1780), de acordo aos registros de pagamentos efetuados pode se extrair o seguinte grupo de artistas y obreiros que participaram na construção da igreja.

  • Domingos Moreira de Oliveira, pedreiro
  • Antônio Coelho da Fonseca, por obras de pedra da igreja
  • Antônio da Silva, grades madeiras e assentos
  • Henrique Gomes, pedreiro “do conserto das torres”
  • João da Rocha, também pedreiro, trabalhos de cobertura
  • Relojero José da Costa Carneiro relógio da torre
  • Pedreiros Domingos Moreira de Oliveira e Miguel da Costa Peixoto acabamentos finais

O mestre das obras reais Antônio Francisco Lisboa o Aleijadinho,  também trabalhou na igreja, entre 1743/44, “ajustando obras da capela”, apontamento de portas, forros, grades, assentos, madeiras, junto com Antônio Silva.

Fachada

Análise de simetria 


O frontispício, desenhado por Manoel Francisco de Araújo, é dividido em três corpos, sendo que o central é avançado e enquadrado por cunhais com capitéis jônicos. Os corpos laterais das torres são prismáticos, com os cantos arredondados.

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O grande entablamento é de belo perfil e curvo no corpo central, divide a fachada em dois níveis de interesse.

Nível Inferior


A portada principal em verga reta, com portal moldurado encimado por um frontão triangular partido e que faz corpo com um nicho em arco redondo e terminado por duas volutas e um concheado, rematando em um óculo trilobado. O interior do nicho tem na parte superior um concheado; contém uma bela e delicada imagem de Nossa Senhora do Rosário.

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A ambos os lados da composição portada-frontão-nicho-óculo se encontram duas janelas.

Nível Superior


Estrada real Iluminação arquitetura barroco Nossa Senhora do Rosário Aleijadinho Brasil Unesco Patrimônio MundialAs torres prolongam-se acima do entablamento, com sineiras e sinos e terminada por cúpulas baixas e altos coruchéus. O relógio na torre direita é somente um esboço do objeto na outra torre, considerado o mais antigo da cidade.

Termina o corpo central com um grande frontão, de curvas e contra-curvas, terminado por uma cruz finamente trabalhada em pedra.

 

 

A igreja está situada sobre uma plataforma e tem em anexo do lado esquerdo, o portão do cemitério da Irmandade, obra que deve ser um acréscimo do século XIX.

Análise dos Pontos de Visão


O ponto de visão distante destaca a importância das superfícies laterais, o teto e as cavidades que formam os campanários.

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Ponto de Visão Próximo

O ponto de visão próximo é caracterizado principalmente pela localização da igreja no alto de uma colina, bem como o fato de ter sido construída sobre uma plataforma que imprime um ângulo de visão que compreende de 50° a 75° de visão no eixo vertical.

Uma ampla escadaria de pedra que lhe dá acesso, com 42 degraus em dois lances, fechada na base por uma grade e portão relativamente recentes.

 

fonte:

  • http://portal.iphan.gov.br/
  • http://eild.org/eild-2016-ouro-preto/
  • http://historicosop.blogspot.com/

 

 

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