BARES NOTABLES de Buenos Aires: Bairro de Monserrat

Buenos Aires tem cafés e bares que foram cenários de atividades culturais significativas e que, por antiguidade, arquitetura ou relevância local, são declarados Cafés Notáveis e fazem parte oficialmente do Patrimônio Cultural da Cidade. Consideram-se notáveis a aqueles bares, bilhares o confeitarias relacionados com feitos ou atividades culturais de significância; aqueles cuja antiguidade, desenho arquitetônico ou relevância local, lhe outorgam um valor próprio.
Há mais de 70 Bares e “Cafés Notables” (Notáveis) que tem como característica de serem os mais representativos da cidade. Hoje vamos percorrer o bairro de Monserrat que junto ao bairro San Telmo, hoje envolvidos num mesmo tecido urbano continuo, representam os sitios mais tradicionais do Casco Histórico da cidade de Buenos Aires.

La Puerto Rico

Endereço: Alsina 420. Centro


Faz parte dos bares notáveis e é uma das três casas mais antiga da cidade. Está situado a uma quadra ao sul da Plaza de Mayo, no bairro Monserrat.

A uma quadra emblemática da Plaza de Mayo, no Centro Histórico da Cidade, se encontra este lugar fundado como “tienda de café” em 1887. Vizinha do Museo de la Ciudad, da antiga Farmácia La Estrella e da Librería de Avila.

A fachada do Bar La Puerto Rico combina o granito preto que cobre as paredes, com os amplos vitrais, a carpintaria e a porta de duas folhas com vidro fosco com o logo e seu nome. A frente é completada com dois toldos verdes.

Em novembro daquele ano de 1887, na zona chamada “Sur da Catedral”, o Barrio Monserrat foi perfumado com o aroma do café moído na hora. Por muitos anos, foi um dos locais de encontro preferidos dos estudantes do Colégio Nacional de Buenos Aires. José Ingenieros, Paul Groussac, Arturo Capdevilla, José María Monner Sanz e Rafael Obligado, Ramiro Casasbellas e Tomás Eloy Martínez, jornalistas e escritores, entre outros, frequentavam suas mesas.

Don Gumersindo Cabedo abriu La Puerto Rico, em um lugar na Rua Peru, ele o chamou assim porque viveu por um tempo em Porto Rico, uma terra de bom tabaco e café apreciado, um lugar que Don Cabedo lembrava com muito carinho. O café operou no Peru até 1925, ano em que passou a ocupar a atual locação na rua Alsina 416, onde continua oferecendo hospitalidade e bom café.

No interior, o cheirinho de café moído na hora convida a sentar-se em alguma das mesas de seu amplo salão. O salão de tamanho generoso, com capacidade para 180 pessoas, destacam-se as sete colunas existentes.  Possui cerca de 70 mesas redondas e retangulares muitas delas em mosaico de granito.

Nas paredes, a boiserie atinge uma altura de dois metros, intercalada com espelhos circulares, dão um toque particular ao recurso de profundidade que brindam os espelhos, recurso típico na decoração de bares e restaurantes.

O piso de mosaico de granito decorado tem alusões ao nome do local e figuras estilizadas de pretos, veleiros e palmeiras.

O café moído na hora, aproximadamente 180 quilos por dia, é vendido no balcão próximo ao acesso. Existem também chocolates, massas secas e as típicas medialunas. Um pôster de Gardel, um velho relógio de parede em madeira, as plantas; o Diploma do Museu deixam sua marca entre os detalhes do cenário.

Em 1999, o Legislativo da Cidade Autônoma de Buenos Aires declara o Café Puerto Rico como “Local de Interesse Cultural” e “Bar Notável” é uma das três casas mais antigas da cidade de Buenos Aires.

Uma foto das artistas espanholas Ángela Molina e Manuel Banderas lembra que algumas passagens do filme de Jaime Chávarri, “Las cosas del querer II”, foram filmadas neste café.

Francisco Lacal Montenegro, velho cliente do bar, é o autor do tango Café de La Puerto Rico: “… selo de ontem / portenho e imponente, / que nos anos oitenta… / você viveu o florescimento / da alma nacional … “.

Bar El Colonial 

Endereço: Av. Belgrano 599


O Bar El Colonial fica no coração de Montserrat abriu suas portas como um bar-armazém há mais de oitenta anos, na esquina da Av. Belgrano e Peru. A esquina formava parte do ejido original da cidade de Buenos Aires, nos tempos coloniais.

Este edifício conserva alguns ladrilhos da época colonial, feitos com barro e palha secados no forno. Encontra-se localizado a uma quadra da “Manzana de las Luces”, em frente ao emblemático edifício “Otto Wolf” (1914) e contiguo a igreja Presbiteriana San Andrés (1896), a 200 metros da Basílica e Convento de Santo Domingo.

No ano de 2005, começou a administrá-lo os irmãos Julieta e Alejandro Vázquez, que se propuseram resgatar o valor histórico e patrimonial que a esquina significa para a cidade.

Declarado Bar Notável, é um bar que permite respirar história e deixar você se levar pelo inconfundível sabor do café expresso, sanduíches com as melhores carnes regionais de primeira qualidade.

No interior, foi filmado “A Hora dos Fornos”, de Pino Solanas (1968), “Sozinho na frente do mundo”, de Mario Soffici (1965), e o sucesso “Nove Rainhas”, de Fabián Bielinsky (2000).

O edifício Otto Wulff

Construído entre 1912 e 1914, o edifício Otto Wulff pertence ao movimento arquitetônico Jugendstil, corrente do modernismo característica dos países germânicos. Mas tem também traços dos estilos neogótico e renascentista. Traços que podem ser vistos, sobretudo, na grandiosidade da fachada, com estátuas de cinco metros de altura. Elas são, na verdade, atlantes, como são chamadas na arquitetura as colunas em forma de homem.

Edifício Otto Wulff , na esquina da Av. Belgrano e da rua Peru

As estátuas representam os trabalhadores da obra e têm rasgos aborígenes e crioulos. Três delas, no entanto, mostram feições europeias. Uma personifica o arquiteto dinamarquês Morten F. Rönnow. Outra, a Otto Wulff. A terceira seria uma homenagem à empresa construtora, de origem holandesa. Dos cinco restantes, percebe-se que cada um caracteriza um “criador” do Otto Wulff: o pedreiro, carpinteiro, eletricista, ferreiro e o pintor.

Hoje o edifício Otto Wulff possui um local de fast food no térreo e 56 unidades com oficinas comerciais e profissionais, principalmente escritórios de arquitetura.

Casa da Vice-Rainha Velha

No local que o prédio ocupa hoje, havia, em 1780, uma casa grande que foi adquirida em 1801 pelo vice-rei Del Pino (mandato 1801-1804), para abrigar sua numerosa família (7 filhos de seu primeiro casamento e 9 com Rafaela de Vera Mujica e López Pintado). O vice-rei morreu em 1804. Após sua morte, e por muitos anos, sua viúva continuou a viver, dando à casa o nome popular de “Casa de la Virreina Vieja”. Em 1809 uma de suas filhas, Juana del Pino e Balbastro, casou-se com Bernardino Rivadavia. Rafaela de Vera faleceu em 1816.

Posteriormente, a casa foi a residência do bispo da cidade de Buenos Aires e, posteriormente, a residência do ministro português até 1878. Em 23 de maio daquele ano, o Banco Municipal de Empréstimos, antecedente fundador do Banco Ciudad de Buenos Aires. El banco Montepío fechou em 1911. Finalmente leiloada e comprada por Mihanovich, foi demolida e substituída pelo edifício Otto Wulff.

A construção foi resultado da sociedade entre o empresário alemão Otto Wulff e Nicolás Mihanovich, cônsul do então Império Austro-Húngaro. Lá foi estabelecida a sede da delegação diplomática do Império Austro-Húngaro, da qual Mihanovich era cônsul honorário na Argentina.

O edifício Otto Wulff possui duas torres rematadas por uma cúpula cada uma, que terminam em duas altas agulhas. Uma delas possui um sol em seu extremo, enquanto a outra leva uma coroa. Por esse motivo, existe a teoria de que representam o imperador Francisco José e sua esposa (conhecida como Sissí), casamento que implicou a própria aliança entre Áustria e Hungria.

O projeto foi do arquiteto dinamarquês Morten F. Rönnow, que também dirigiu a obra. Hoje o edifício Otto Wulff faz parte da lista de patrimônios arquitetônicos protegidos da cidade de Buenos Aires.

Café London

Endereço: Av. de Mayo 591, Montserrat


Um clássico da capital portenha, o Café London City data de 1954 e ficou famoso principalmente por ser um dos preferidos do escritor argentino Julio Cortázar. Passou alguns meses fechado alguns anos atrás, reinaugurando depois totalmente reformado, mas mantendo o estilo do original.

Localizado na esquina da Av. De Mayo e a rua Perú. em frente à saída do metrô, a uma quadra da Plaza de Mayo e da Casa Rosada, e a poucos metros do início da rua Florida, é muito frequentado pelos portenhos que trabalham na área, sendo também uma parada ideal para quem está visitando essa região da cidade, na mesma esquina onde começa o famoso passeio da Peatonal Florida.

Foi nas mesas do Café London City que Julio Cortázar escreveu um de seus romances mais famoso, intitulado Los premios (1960). O local é inclusive mencionado na obra, aparecendo apenas como “el London”. Ao longo de todo o local, Cortázar é sempre lembrado. Do cardápio às paredes, das vitrines aos banheiros, são inúmeras as imagens ou referências ao escritor, o que dá um charme a mais ao London, especialmente para quem curte o ambiente da literatura.

Remodelado várias vezes, está localizado no térreo de um edifício construído pela E.A. Merry e que pertencia ao anexo da loja Gath & Chaves. Depois da reforma em 2014, os novos proprietários decidiram colocar uma estátua do escritor em uma mesa próxima à janela, em uma das esquinas do London City.

Hoje, as mesas de calçada na Avenida de Mayo são um lugar perfeito para parar para tomar um café con medialunas ou um tostado e ver simplesmente, o mundo passar.

Além disso, faz parte da Lista de Bares Notables de Buenos Aires, uma seleta de lista de bares, cafés e confeitarias eleitos pelo Governo da Cidade como representativos da cidade por sua antiguidade, tradição e valor cultural e arquitetônico.

 

fonte:

  • https://www.clarin.com.ar
  • https://www.lanacion.com.ar
  • https://turismo.buenosaires.gob.ar/br
  • https://cafecontado.com/
  • https://aguiarbuenosaires.com
  • https://www.puraciudad.com.ar/

 

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