Buenos Aires é, sem dúvida, a capital gay da América Latina. Localizada no top 10 mundial do destino LGBTIQ , a cidade não só abre todas as suas portas sem distinção, mas possui um circuito noturno bem diverso. A primeira milonga gay de Buenos Aires foi realizada em 2003 e já em 2007 a cidade teve seu primeiro Festival Internacional de Tango Queer.
Festival Internacional de Tango Queer 2023

Fundado em 2007 por Mariana Docampo, Roxana Gargano e Augusto Balizano, o Festival Internacional Queer Tango de Buenos Aires reúne anualmente professores, organizadores, intelectuais, músicos, dançarinos e estudantes de todo o mundo.
A última versão aconteceu em fevereiro de 2023 com 5 noites onde as milongas Full Queer de Buenos Aires dominaram a cena, com 17 aulas com professores incríveis, shows, workshops, orquestras e muita dança.
O recente encontro aconteceu em diferentes locais do circuito de Buenos Aires. A noite inaugural foi na milonga de La Marshall no Salón Marabú. “Queremos trazer o tango queer para as milongas tradicionais de Buenos Aires, algo que não se vê com muita frequência”, explica Liliana Chenlo, organizadora do festival em febrero de 2023.
O festival segue o modelo dos encontros europeus, com forte presença de aulas especiais de figuras do setor (como Dana Jazmín Frígoli, Javier Rodríguez, Juampy Ramírez, Virginia Pandolfi, Anahí Carballo, Fer Carrasco e outros), somados as orquestras de Tango Bardo e Los Herederos del Compás.
Liliana Chenlo diz que a intenção é “conseguir unificar o tango tradicional e o queer” e chegar às clássicas milongas desta cidade que é o berço do tango. Em Buenos Aires já existem alguns espaços onde não é incomum ver casais do mesmo sexo ou com troca de papéis dançando na pista, mas no mundo do tango tradicional ainda é uma raridade. Chenlo lembra quando apareceu com a parceira dela na Copa do Mundo de Tango em 2016. Elas não foram longe, mas chamaram muita atenção. Em 2022, chegaram à semifinal.
Aulas
- A Fábrica – Velasco 1481
Milongas
- Quarta-feira: La Marshal – Maipu 365
- Quinta: Sextas Milonga – Riobamba 345
- Sexta-feira: PiPi CuCu Milonga – Alsina 1465
- Sábado: Turbia Milonga – Humberto Primo 461
- Domingo: O Chip – Armênia 1366
La Marshall
A milonga La Marshall é uma das primeiras milongas gays portenhas e foi criada por um grupo de professores de tango. La Marshall foi originalmente lançada em uma casa particular, no loft de um amigo pintor na rua Bolívar. De lá se mudaram para um lugar em San Telmo e de boca em boca começaram a anunciar em revistas especializadas em tango.
Augusto é sócio de Edgardo. Trabalhando justamente como professor de tango, surgiu a ideia de criar uma milonga gay em Buenos Aires. “Os alunos vinham às aulas, mas depois não havia lugar onde pudessem colocar em prática o que aprenderam. Esse espaço nasceu por insistência deles”, disse Augusto.
O nome da milonga foi adotado em homenagem a Niní Marshall, comediante argentina dos anos 1930 que, por seu ímpeto, graça e talento, tornou-se um ícone gay em Buenos Aires.
Dizem que quando o tango começou a soar nos bares do porto, no início do século passado, eram os homens que o dançavam. Mas Augusto esclarece que em “La Marshall” eles não buscam resgatar essa tradição. “Não estamos nos escondendo atrás de um tango autóctone”. Ele conta que a milonga gay nasceu em 2004 de um grupo de pessoas que queria um lugar para dançar.
“Na milonga tradicional o homem dirige. Aqui, quando te convidam para dançar, você acerta quem vai dirigir e quem vai ser conduzido”, explica Augusto Balizano, o professor de tango e criador do La Marshall. Balizano tem experiência internacional: participou do Queer Tango Festival em Hamburgo e dançou em várias milongas na Europa.
Maldita Milonga
A Maldita Milonga tem a peculiaridade e o recorde de ser a única milonga em Buenos Aires criada por músicos e com 17 anos ininterruptos de existência. Organizado em colaboração entre os membros da Orquesta Típica El Afronte e Laura Heredia, (bailarina responsável pelas aulas), La Maldita nasceu com a intenção de oferecer as novas composições de El Afronte aos bailarinos de Buenos Aires e também difundir a milonga com uma orquestra ao vivo, que na época de sua fundação ainda era muito difícil de encontrar.
La Maldita é um verdadeiro reduto do tango que conta com um grande público ao longo do ano. A orquestra, como anfitriã, forjou seu caráter de vanguarda e ganhou reconhecimento aos ouvidos do público por meio de suas novas composições, dançadas pelos mais prestigiosos bailarinos da Argentina e do mundo. Com um ambiente cosmopolita, aberto a todas as pessoas e tolerante com todas as expressões do tango, você pode socializar, dançar e fazer amizade com pessoas das mais diversas origens e desfrutar do abraço mágico que o tango oferece.
A milonga está incorporando uma perspectiva de gênero na qual os papéis já não são os que se fixaram no passado, como o homem leva e a mulher segue, por exemplo. Cada vez vemos na pista casais do mesmo gênero ou cambios de roles de acordo com o gosto de quem dança”, diz Laura Heredia, organizadora da Maldita Milonga.

“No ambiente do tango sempre se considerou que a dança era: um homem e uma mulher dançando, o homem conduzindo e a mulher conduzida O que fizemos foi nos apropriar do tango para dançar do jeito que precisávamos”, explica Mariana Docampo, referência do movimento de tango queer na capital argentina.
“No Tango Queer, qualquer um pode dançar com qualquer um: ou seja, um homem com outro homem, duas mulheres, um homem com uma mulher, pessoas trans, independentemente de sua identidade sexual”, explica Mariana .
fonte:
- https://aguiarbuenosaires.com/milongas-gay-friendly/
- https://urgente24.com/96205-la-milonga-gay-de-buenos-aires
- https://www.clarin.com/ediciones-anteriores/funciona-pleno-corazon-porteno-primera-milonga-gay_0_ByCxvAk0Yl.html
- http://revistaanfibia.com/cronica/las-ideas-se-bailan/
- http://lavaca.org/mu106/milonga-de-libertad/
- https://www.dw.com/es/tango-queer-para-bailar-sin-roles-prefijados/a-55524618