PORTEÑO Y BAILARÍN: A tradição das milongas portenhas no bairro de Balvanera

A Milonga Porteño y Bailarin alterna sua sede em duas casas de tango na rua Riobamba, uma muito próxima da outra. Os organizadores são bailarinos profissionais, antigas glórias do tango. Em 2000 decidiram abrir esta milonga cujo nome remete a um conhecido tango Porteño y Bailarin (Portenho e Dançarino) de Héctor Marcó, o letrista preferido de Carlos Di Sarli.

Carlos Stasi, Ruben Dipi e Paulo Bidart são três renomados bailarinos internacionais que dão vida à esquina das ruas Corrientes e Riobamba, resgatando as tradições da música e da dança da maior expressão artística de Buenos Aires: o Tango.

Milongas de Buenos Aires


Na esquina das ruas Corrientes e Riobamba está o beco Santos Discépolo, que com seu traçado em zigue-zague marca a pegada da primeira linha férrea construída no país, a do “Ferrocarril del Oeste”. Esta esquina do bairro Balvanera é uma daquelas esquinas onde se respira tango.

Lá, as duas milongas mais emblemáticas do centro de Buenos Aires estão localizadas a poucos passos uma da outra:

  • Milonga Portenho e Bailarin (Riobamba 345)
  • Milonga El Beso (Riobamba 416)

Em Buenos Aires existem muitas milongas espalhadas por toda a cidade, divididos em circuitos “milongueiros”. Porém, geralmente cada dia acontece uma milonga em um lugar diferente, muitas delas organizam aulas com professores especializados antes do evento realmente começar. Durante a noite há apresentações de profissionais, jantares, muito vinho e claro, dança a noite toda. Não importa o dia, nem o local. Seja com amigo(a), parceiro(a), grupos ou até mesmo sozinho. Essa tal prática tão popular e notável na Argentina acontece nos locais chamados de Milongas, termo que vem de um gênero musical semelhante ao tango, emparentado com a cultura gaúcha.

Pasaje Enrique Santos Discépolo

Os amantes do tango têm à sua disposição uma variada oferta de lugares onde um milonguero pode assistir aos bailes de segunda a domingo, podendo ter mais de uma oferta diária. Porém, nem todos os milongueros se sentem à vontade em todas as milongas. As preferências são definidas de acordo com a idade e o estilo de dança preferido.

Um mapeamento realizado em 2015 indicou que na cidade existem mais de 100 locais onde as pessoas se encontram diariamente para dançar tango. Estas casas de dança, conhecidas como “milongas”, localizam-se habitualmente em salões, confeitarias, clubes sociais e desportivos, sociedades de fomento, centros culturais, mas também existem algumas que se organizam em espaços abertos como praças e parques públicos.

Milonga Porteño y Bailarin


Milonga Porteño y Bailarín: À frente estão três milongueiros da lei, Paulo Bidart, Rubén Dippi e Paulo Bidart

Um representante importante na gestão de tudo o que é necessário para o funcionamento de uma milonga é o “organizador”; o Mestre de Cerimônias, figura que se encarrega de convocar o público presente e que coordena todo o desenvolvimento do evento.

O organizador também cumpre o papel de “anfitrião”, ele se encarrega de articular todos os atores que participam da milonga: o musicalizador; os professores que dão aulas; os bailarinos que dão um show; os músicos; o bufê, da mesma forma que cuida de toda a infraestrutura necessária para a realização do evento. A sua marca pessoal influencia muito os padrões de sociabilidade e os códigos de comportamento que se manifestam nos eventos que eles organizam, sendo assim, cada milonga ganha personalidade própria (alguns tendem a ser mais tradicionais em termos de experiência e vestimenta).

Desde a época de ouro do tango – anos 1940-1950 – as milongas têm sido o epicentro privilegiado da dança deste gênero musical

Por volta do ano 2000, dois amigos Carlos Stasi e José Garofalo fundaram a Milonga Porteño y Bailarín, que se distingue pelo excelente nível de dança dos seus participantes. Muito frequentada por milongueros estrangeiros a milonga se desenvolveu em diversos âmbitos do centro portenho, bem também como em Europa e Estados Unidos.

A Milonga Porteño y Bailarín alterna suas funções nos dois locais da Rua Riobamba. Aos fins-de-semana é organizado no local que ganhara seu próprio nome: Portenho e Bailarin (Riobamba 345).

É uma daquelas milongas “quase sempre abertas” que a tornam parada obrigatória de especialistas num local escolhido por sua excelente localização central. É uma sala que guarda uma atmosfera de tango ao estilo dos “velhos tempos”.

 

Jaun Carlos Stasi

Jaun Carlos Stasi é professor, organizador de eventos, ator e historiador do tango. Sua relação com o tango já dura 20 anos. Em 2000, ele abriu Porteno y Bailarin, uma milonga em Buenos Aires conhecida por receber as melhores orquestras e intérpretes. Carlos sempre apoiou os jovens bailarinos, incentivando sua paixão pela dança do tango. Após sua atuação como juiz no Festival do Campeonato Mundial de Tango, ele foi o primeiro a ter os campeões mundiais de 2017 se apresentando em sua milonga.

Juan Carlos era amigo íntimo de Carlos Gavito, criador e protagonista do espetáculo “Forever Tango”. Na opinião de Stasi, Gavito foi o melhor dançarino e instrutor da sua geração. Eles trabalham juntos em vários shows. O estilo milonguero de Gavito é ou que Stasi continua a transmitir aos seus bailarinos, enfatizando a importância do caminhar, do abraço e da musicalidade do tango: “Temos que dançar os silêncios”, diz Carlos.

Às quartas-feiras, das 22h30 às 16h, a milonga é organizada na salão vizinho: El Beso (Riobamba 416).

Ruben Dipi é milonguero, dançarino, professor de tango desde 1980, trabalha ministrando aulas em diversos salões, teatros em diversos países da Europa, Ásia e América do Norte, Central e do Sul, realizando tours com diversas companhias e shows.

O Rubén é um grande dançarino e uma excelente pessoa, tem uma grande trajetória nacional e internacional. Ele é um homem muito profissional e respeitado na milonga de Buenos Aires. Ele tem algo muito especial que o diferencia de outros professores de tango e é que ele coloca seu coração para dançar desde o primeiro abraço, ele é um apaixonado pelo tango.

Ruben Dipi e Paulo Bidart

Outro frequentador assíduo da Milonga Porteño y Bailarín é Paulo Bidart, professor e bailarino profissional de tango, com larga experiência internacional, que atua profissionalmente tanto em Buenos Aires como no resto do mundo, é um dos júris do Mundial de Tango que acontece ano após ano na cidade autônoma de Buenos Aires.

Paulo Bidart é filho de uma figura famosa da cena do tango, Beba Bidart, que em 1979 fundou sua própria casa de tango no bairro de San Telmo, a Tanguería Taconeando, que até hoje continua a oferecer seus shows na rua Balcarce 725.

Beba Bidart fez cerca de trinta gravações de tango acompanhadas por orquestras como Francisco Canaro, Color Tango e Yumba Trio, entre outras; Destacam-se suas interpretações de “Me bautizaron milonga”, “El firulete”, “La milonga y yo” (letras de sua autoria) e “Ventarrón”. Estreou-se no cinema no flime “Los pulpos”, em 1948, seguido de mais de trinta filmes.

Enrique Santos Discépolo


A passagem está localizada no coração do bairro Balvanera. É um espaço único na cidade. Destaca-se por seu trajeto em forma de S, delimitada pelas ruas Lavalle, Callao, Riobamba e Corrientes.

A forma da passagem é um vestígio da primeira via férrea construída no país, a do “Ferrocarril del Oeste”. Este trem, do qual prestava serviço a lendária locomotiva “La Porteña”, em sua viagem inaugural em 29 de agosto de 1857, partia da Estação Parque (onde hoje funciona o Teatro Colón), para a Estação Floresta. A ferrovia manteve esta rota até 1883, ano em que caiu em desuso. Em 1893, quando os carris foram tirados, o local assumiu a forma de passagem.

Antiga feira (1930)

No final da Avenida Callao havia um bebedouro para cavalos, depois havia bordéis com cortinas vermelhas e por volta de 1930 havia também uma feira ao ar livre onde todos os tipos de produtos comestíveis eram oferecidos a preços acessíveis.

Hoje encontramos o Mercado Balvanera que funciona todas as quartas-feiras ao longo do trajeto. São trinta barracas que oferecem produtos naturais, orgânicos e sustentáveis ​​diretamente do produtor ao consumidor.

Teatro del Picadero

Em 1980 foi inaugurado o Teatro del Picadero em um prédio construído em 1926 pelo arquiteto Benjamín Pedrotti, originalmente destinado a uma fábrica de bujías, o que explica o aspecto industrial de sua fachada. Em 1981 foi desenvolvido aqui um projeto cultural que surgiu como uma reação à ditadura militar. A resposta oficial a esse empreendimento cultural foram as bombas de magnésio que foram jogadas na quietude da madrugada. O seu interior foi completamente destruído, apenas a sua fachada permaneceu intacta.

Imagens depois do atentado de 1981

Em 2005, quando foi convertida em área de pedestres e rebatizada de Enrique Santos Discépolo, em homenagem ao dramaturgo e compositor de tango. Em 2008 foi declarado Sítio de Interesse Cultural.

Anos mais tarde o teatro foi reconstruído e utilizado para diversos fins, mas em 2007 começou a ser demolido para unir ele a um terreno vizinho e aí construir torres comerciais. A tentativa foi frustrada pela reação da comunidade e das organizações que defendiam o patrimônio de Buenos Aires. Em maio de 2012, foi reaberto sob a ideia do arquiteto Gustavo Keller; a sala do primeiro andar tem capacidade para quase 300 pessoas.

 

fonte:

  • Los territorios de la milonga en Buenos Aires estilo, generacion y genero – Cecconi, Sofia (2010)
  • Milongas barriales en la ciudad de Buenos Aires: sentidos de lugar, sociabilidad y tradiciones – Hernán Morel
  • https://www.geoteatral.com.ar/nota/Historia:ElPicadero
  • https://www.elbeso.com.ar/
  • Credito Fotos: El Tio Cliff

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