Planetário Galileo Galilei – Parte I: Um Show Astronômico nos Bosques de Palermo

O Planetário Galileo Galilei está localizado no cruzamento da Avenida General Sarmiento e Belisario Roldán, dentro do Parque Tres de Febrero, no bairro de Palermo, na cidade de Buenos Aires.

A silhueta do Planetário se destaca de maneira marcante, não apenas por ser um dos poucos edifícios construídos na região, mas também pela originalidade, síntese e elegância que definem seu perfil. Sua imagem é caracterizada por uma grande cúpula, cercada por um anel envidraçado, apoiado em grandes pernas de concreto que a colocam, como uma nave galáctica que repousa nos Borques de Palermo.

Uma estrutura desafiadora, uma forma original única na cidade dentro de um ambiente privilegiado, fazem deste edifício uma peça única de arquitetura moderna em Buenos Aires.

Planetário Galileo Galilei


A idéia de a cidade de Buenos Aires ter um planetário começou a surgir em 1958 por iniciativa do vereador socialista José Luis Pena e do secretário de Cultura do município Aldo Cocca para a difusão da ciência astronômica em Argentina.

O Planetário é o principal centro de divulgação da astronomia da cidade

O plano original era construir o Planetário na Plaza Seeber, na diagonal em direção ao Monumento aos Espanhóis, em frente à Avenida del Libertador, entre a Embaixada dos Estados Unidos (Palácio Bosch) e o Zoológico. Mas, quando começaram a cavar as bases, encontraram um tremendo cano de Obras Sanitárias (rede de distribuição de agua) e tiveram que mudar de lugar. Foi assim que o projeto mudou-se para a Avenida Figueroa Alcorta, onde está hoje, no início de El Rosedal e dos lagos de Palermo, um lugar bastante isolado para a época.

As obras do Planetário Galileo Galilei começaram, sob a direção do arquiteto argentino Enrique Jan, da Diretoria Geral de Arquitetura do antigo município da cidade de Buenos Aires (MCBA), em 1962. Os trabalhos eram da responsabilidade da Companhia de Construcciones Civiles SA, o então prefeito Eugenio Schettini inaugurou em 20 de dezembro de 1966. A abertura definitiva para o público em geral foi realizada em 5 de abril de 1968. Antonio Cornejo, professor de Geografia Matemática, foi o primeiro diretor do Planetário, cargo que ocupou por 33 anos.

Arquitetura e Estrura


O planetário foi batizado como “Galileo Galilei” para homenagear o famoso astrônomo italiano. A forma do edifício é estruturada simbolicamente em torno das figuras do triângulo equilátero, do losango, do hexágono e da circunferência, representa uma evolução do simples ao complexo. Segundo o arquiteto da obra, “este edifício é um dos poucos no mundo projetado e construído com base no módulo do triângulo equilátero”.

A explicação do arquiteto Jan, com apenas 40 anos de idade e sem experiência na construção de edifícios especiais,  aludiu à síntese do ser humano: “Ele a concebido como o cruzamento de duas pirâmides invertidas, repousando no chão uma acima da outra: uma apontando para o céu; e a outra desce na direção oposta. Para cima, a cúpula redonda com seu anel e o piso suspenso do museu. Para baixo, os escritórios e as salas de máquinas.

A construção é apoiada por três pernas de concreto em arco que cobrem uma distância de quase 43 metros uma da outra. A entrada elevada assume a forma de uma ponte que contorna a lacuna sob o edifício, entre seus pés de apoio. É um grande buraco artificial que sugere a existência de uma cratera com um espelho d’água no fundo (hoje seco). A questão é que o edifício parece flutuar, uma nave espacial que acaba de posar nos bosques de Palermo.

Para Jan, a ponte pela qual se entra  ao Planetário  não é apenas uma passagem, é a “chave entre o exterior e o interior, a transição entre uma paisagem terrestre (um plano bidimensional) e uma nave tridimensional na qual eles produzem e transmitem conhecimento”. O piso da ponte é estofado com ladrilhos triangulares e não é um capricho estético, tem um significado maior.

triângulo equilátero é a figura-chave em todo o edifício e tem um significado especial. “É a base da estrutura: o Planetário repousa sobre três pernas. Do triângulo derivam o losango, o hexágono, o tetraedro e o círculo, figuras que se desenrolam e se reproduzem por toda a arquitetura do Planetário: escritórios, paredes, móveis, o padrão dos azulejos, o anel da galeria, o estrutura hemisférica da cúpula”, explica a politóloga María Pagano.

Platão via o triângulo equilátero como um símbolo de harmonia, divindade e proporção. Mas para especialistas, o triângulo também simboliza a unidade do céu e da terra. No cristianismo, representa a Santíssima Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo; para os budistas, o Triratna: Budha, Dharma e Sangha; no antigo Egito, Ísis, Osíris e Orus; no hinduísmo, Brahma, Vishnu e Shiva.

Além disso, cada uma das duas pirâmides de base triangular que o arquiteto imaginou são chamadas de “tetraedros” e são a representação típica de uma molécula de carbono, a base da vida na Terra.

Mas, talvez, nenhuma dessas referências fosse o que o arquiteto queria expressar. Jan imaginou o edifício como a síntese do ser humano. Ele a imaginou como a interseção de duas pirâmides invertidas, uma apontando para o céu, a outra na direção oposta, para baixo. “Acima, a cúpula redonda com seu anel e o piso suspenso do museu. Abaixo, os escritórios e a sala das máquinas”. Pagano detalha e descreve que a escada central que une os diferentes níveis forma as vértebras do que para Jan era o eixo que liga o sacro e a abóbada craniana o canal através do qual o conhecimento se eleva.

No subsolo escritórios com bordas hexagonais e a sala de máquinas

O limite entre as duas pirâmides é a tampa de concreto branco com as três pernas. No andar de baixo, os homens que trabalham em escritórios com bordas hexagonais, a sala de depósito e as máquinas, separados do parque por um espelho d’água que dá a sensação de estar em uma ilha. No andar de cima, a sala de projeção, onde o público se senta para assistir ao show.

Entre as pernas arqueadas e a enorme cúpula, o edifício é basicamente uma galeria em forma de anel e responde à filosofia de Jan, para quem o tempo é circular. É isso que marca os anos, séculos, eras: ano após ano, retornamos à data arbitrária de 31 de dezembro, acreditando que um ano termina e outro está prestes a começar.

Por exemplo, Jan viu o elevador central do planetário como o eixo central que unia e ligava “o mais profundo ao mais alto”, bem como a coluna vertebral humana que conecta o sacro (um osso triangular “curiosamente chamado de sagrado”) e o crânio.

Um Show Astronómico


Conta com uma sala de projeção semi-esférica com 360 poltronas reclináveis e uma cúpula de 20 metros de diâmetro onde se reproduzem aproximadamente 8.900 estrelas, planetas e satélites do universo, graças a um imponente equipamento (único da América Latina), que contém seis projetores Sky-Scan com uma resolução de 8K, ou seja contém 38 milhões de pixels.

Show artístico produzido especialmente para ser exibido com a tecnologia Full Dome, que oferece imagens de alta definição

O Planetário de Buenos Aires conta com espetáculos para todas as idades, incluindo atividades para pessoas com deficiência visual ou auditiva. Em 2001 o planetário passou por uma reestruturação para atender pessoas cegas e surdas, o que na época foi um trabalho inovador na América Latina.

O Planetário também organiza apresentações de documentários e shows temáticos e atividades interativas, como observar a lua com um telescópio. Além disso, oferece espetáculos para crianças, funções de observação, palestras educacionais e oficinas espaciais para crianças.

 

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