Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade na Colômbia: Os bens culturais nomeados pela UNESCO – Parte V

UNESCO conceitua Patrimônio Imaterial como as práticas, representações, expressões, conhecimentos e técnicas – com os instrumentos, objetos, artefatos e lugares culturais que lhes são associados – que as comunidades, os grupos e, em alguns casos os indivíduos, reconhecem como parte integrante de seu patrimônio cultural.

Os rituais mortuários das comunidades afro-colombianas do Pacífico são realizados a traves dos “alabaos”, canções corais de louvor e oferendas aos santos para acompanhar os falecidos e seus entes queridos, ajudando assim as crianças ou adultos falecidos na passagem de sua alma para a eternidade.

Desde o início do século XX, o principal produto comercializado pelos camponeses de Santa Elena eram as flores transportadas em um sistema de caixas de madeira chamado “silletas”.  Esses conhecimentos, práticas e instrumentos foram transmitidos por gerações por aproximadamente 150 anos.

 O colorido Carnaval de Barranquilla, através do uso de fantasias e máscaras, a exibição de danças, desfiles e comparsas é uma tradição viajou pelo rio Magdalena até finalmente se estabelecer na cidade de Barranquilla para estabelecer-se como o mais animado carnaval da Colômbia.

17 – Gualíes, ritos funerários das comunidades afro do meio de San Juan

Chocó Meio San Juan

Os rituais mortuários das comunidades afro-colombianas do Pacífico são realizados para acompanhar os falecidos e seus entes queridos, ajudando assim as crianças ou adultos falecidos na passagem de sua alma para a eternidade. Os Gualíes consistem em recitais, músicas e jogos que acontecem por uma ou mais noites durante a vigília de uma criança. Os alabaos são canções corais de louvor e oferendas aos santos, geralmente executadas sem instrumentos, cujo uso é comum em contextos funerários, tornando-se em cantos fúnebres para os adultos. O levantamento da sepultura é realizado no último dia da vigília da novena de um adulto em que o altar é quebrado, às cinco da manhã, selando assim a partida do falecido. É o último adeus à pessoa amada.

Red de Cantadoras del Pacífico Sur. foto: (Colprensa – Juan Páez)

18 – Manifestação cultural Silletera

Antioquia:  Envigado, Guarne, Medellín, Rionegro

Desde o início do século XX, o principal produto comercializado pelos camponeses de Santa Elena, território dos municípios de Guarne, Envigado, Medellín e Rionegro, eram as flores transportadas em um sistema de caixas de madeira chamado silletas. Os camponeses cultivavam e vendiam flores e ervas aromáticas, entre outros produtos agrícolas, nos mercados e ruas de cidades e vilas no Vale do Aburrá e no leste de Antioquia.

A manifestação cultural silletera reúne cerca de 500 famílias – mais de duas mil pessoas – que carregam conhecimentos e práticas camponesas e artísticas em torno das flores e as ferramentas para transportá-las, a silleta e o carregador. Esses conhecimentos, práticas e instrumentos foram transmitidos por gerações por aproximadamente 150 anos.

19 – Carnaval de Barranquilla

Atlántico: Barranquilla

Carnaval de Barranquilla

Todos os anos, antes da Quaresma, os residentes e visitantes de Barranquilla se reúnem para dar vida ao espírito festivo e tradicional do Carnaval de Barranquilla, através do uso de fantasias e máscaras, a exibição de danças, desfiles, comparsas e representações cômico-dramáticas e a entonação de canções.

Essa tradição, que vem da fusão de heranças culturais indígenas, africanas e européias, tem suas raízes no século XVI e, segundo especialistas, começou a se desenvolver nas cidades de Cartagena das Índias, Mompox e Santa Marta. Lá, os povos indígenas e os africanos escravizados aproveitaram a licença concedida pela administração colonial para integrar em suas crenças ancestrais a paródia dos usos e costumes dos espanhóis através da dança e da música. Essa tradição viajou pelo rio Magdalena até finalmente se estabelecer na cidade de Barranquilla.

20 – Partería afro del Pacífico

Valle del Cauca: Buenaventura, Cauca, Chocó, Nariño

O conhecimento associado ao parto  afro no Pacífico colombiano é o conhecimento e técnicas sobre o corpo, as plantas e seu uso, que foram desenvolvidos principalmente por mulheres da região para fornecer cuidados e atenção ao ciclo reprodutivo das mulheres e diagnosticar e tratar doenças das comunidades em geral através do uso curativo das plantas e da relação que parteiras tecem com a biodiversidade presente em seus locais de origem. Esse vínculo, assim como o caráter religioso presente nos santos invocados e as orações que acompanham o serviço de obstetrícia, são elementos importantes para as comunidades negras do Pacífico.

O parto atendido por uma parteira estabelece o vínculo dos nascidos com o território. Tanto o parto quanto o processo de gestação e o puerpério são concebidos como um ato de confiança, um evento único e vital de natureza coletiva que fortalece os laços de solidariedade, não apenas entre os membros da família do recém-nascido, mas também entre eles e a comunidade da qual fará parte.

Da mesma forma, as parteiras usam seu conhecimento para interpretar a saúde e a doença de todas as pessoas da comunidade, e seus serviços são uma alternativa confiável, diferente do sistema alopático, para mulheres e suas famílias.

21 – O sistema de conhecimento ancestral dos povos Arhuaco, Kankuamo, Kogui e Wiwa da Serra Nevada de Santa Marta

Serra Nevada de Santa Marta

O Sistema de Conhecimento Ancestral dos povos Arhuaco, Kankuamo, Kogui e Wiwa da Serra Nevada de Santa Marta (SNSM) refere-se ao conjunto de regras, diretrizes e padrões de atendimento para a manutenção original do mundo.

São os mandatos e diretrizes que permitiram que a discordância entre os poderes espirituais terminasse, no começo dos tempos, quando tudo existia no pensamento e não havia dia ou noite antes da primeira célula do universo existir e só existíamos em espírito. Os princípios do Sistema de Conhecimento Ancestral foram estabelecidos para que, quando o mundo fosse materializado, as quatro crianças originais (os quatro povos indígenas do SNSM) as cumprissem e previssem que tudo não se tornaria caos, desordem. De lá vieram os princípios de proteção e conservação contidos na Lei de Origem. Assim, na concepção da origem do mundo, a linguagem espiritual é o que norteia o cotidiano, a vida e a cultura dos povos indígenas do SNSM. Toda palavra descrita em seu sistema de conhecimento e sabedoria ancestral nasce da visão do estado intangível de origem do universo como um ponto essencial para o diálogo entre o espiritual e o material, o que leva a uma compreensão da estrutura das normas culturais estabelecidas por a Mãe, chamada Lei de Origem.

O Sistema de Conhecimento Ancestral dos povos Arhuaco, Kankuamo, Kogui e Wiwa da Serra Nevada de Santa Marta busca reconhecer, proteger e salvaguardar uma realidade de ordem intangível que, desde sua origem, transcende a dimensão espiritual do pensamento individual e coletivo dos quatro povos originários, que através de suas tradições orais, seus usos e costumes, danças, rondas, melodias, canções e pagamentos à Mãe Natureza, entre outras práticas, garantem de geração em geração que a permanência do conhecimento seja mantida ao longo do tempo.

 

fonte:

  • https://www.mincultura.gov.co/
  • http://www.unesco.org

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