Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade na Colômbia: Os bens culturais nomeados pela UNESCO – Parte I

Os bens culturais de natureza imaterial dizem respeito àquelas práticas e domínios da vida social que se manifestam em saberes, ofícios e modos de fazer, celebrações, formas de expressão cênicas, plásticas, musicais ou lúdicas; e nos lugares (como mercados, feiras e santuários que abrigam práticas culturais coletivas). São referências culturais fundadas na tradição e manifestadas por indivíduos ou grupos de indivíduos como expressão de sua identidade cultural e social.

Em Colômbia existem expressões musicais e orais, como lumbalú, canções de trabalho, acordes, décimas palenqueras e outras que alcançaram reconhecimento nacional, como a bullerengue sentao, cumbia e mapalé, que também são praticados em outros lugares na costa do Caribe colombiano. Por sua vez, as melodias e ritmos da herança africana se mantém viva a traves do instrumento artesanal chamado “marimba” no Pacífico Sul da Colômbia.

O sistema aplicado pelos membros da comunidade indígena Wayúu chamadas “palabreros“, trata-se de pessoas experientes na resolução de conflitos e desacordos entre os clãs da comunidade, que se destacam por suas virtudes no plano ético e moral.  

01 – Espaço cultural de San Basilio de Palenque

Mahates: Bolívar

A dinâmica histórica do Palenque de San Basilio e sua consciência étnica afro-descendente permitiram à comunidade local preservar muitas de suas características culturais. Entre eles, destaca-se o palenquero, uma língua composta por elementos hispânicos, mas com características gramaticais das línguas bantus faladas em algumas regiões da atual República Democrática do Congo.

Também existem expressões musicais e orais, como lumbalú, canções de trabalho, acordes, décimas palenqueras, sextetos e outras que alcançaram reconhecimento nacional, como a bullerengue sentao, cumbia e mapalé, que também são praticados em outros lugares na costa do Caribe colombiano. A organização social da comunidade também é importante, baseada em extensas redes familiares, nas faixas etárias chamadas ma-kuagro e em outras formas organizacionais, conhecidas como conselhos.

02 – O sistema regulatório wayúu aplicado pelo palajero Putchipu’ui

La Guajira: Albânia, Dibulla, Maicao, Manaure, Riohacha, Uribia, Barrancas, Distração, El Molino, Fonseca, Hatonuevo, La Jagua del Pilar, San Juan del Cesar, Urumita, Villanueva

É o conjunto de princípios, procedimentos e ritos que governam a conduta social e espiritual dos membros da comunidade Wayúu. Inspirado nos princípios de reparação e compensação, esse sistema é aplicado pelas autoridades morais indígenas, chamadas palabreros, pessoas experientes na resolução de conflitos e desacordos entre os clãs matrilineares da comunidade, que se destacam por suas virtudes no plano ético e moral.

Quando surge uma disputa, as duas partes no conflito (infratores e ofendidos) solicitam a intervenção de um pütchipü’üi. Depois de examinar a situação, ele comunica às autoridades relevantes sua intenção de resolver o conflito por meios pacíficos. Se o pütchikalü (palavra) for aceito, o diálogo começará com a presença do pütchipü’üi, que age com diplomacia, cautela e lucidez.

03 – Música marimba e canções tradicionais do Pacífico Sul da Colômbia

Vale do Cauca: Buenaventura

Cauca: López de Micay, Timbiquí, Guapi.

Nariño: La Tola, Iscuandé, Tumaco, Mosquera, El Charco, Olaya Herrera, Francisco Pizarro, Maguí, Roberto Payán, Satinga.

Esta manifestação reúne, em suas melodias e ritmos, a herança africana que se mantém viva, por gerações, ao ritmo de bundes, currulaos e jugas ligados à marimba, um instrumento feito de tábuas de madeira de chonta acompanhado de guasás (um tipo de maraca) e cununos ou tambores. As apresentações musicais atendem, principalmente, a quatro momentos: os currulaos que acompanham a comida, a bebida, o jogo e a narração de histórias no meio das festas; as canções de ninar (os arrullos) com as quais os santos são adorados; louvas como canções para despedir-se dos mortos e chigualos que celebram e lamentam a morte de uma criança.

A memória, como elemento constitutivo da identidade das comunidades, permite que as pessoas estabeleçam vínculos sociais de continuidade entre si e com o passado, construindo um significado no presente que deve ser projetado no futuro. Fazendo parte da complexidade do mundo social das comunidades, a memória é constantemente criada, recriada e utilizada em diferentes áreas, através da música e das canções da marimba, sendo um instrumento de formação de identidade e reivindicação política.

04 – He Yaia Keti Oka, conhecimento tradicional (Jaguares de Yuruparí) para o manejo de grupos indígenas do rio Pirá Paraná

Vaupés: Mitú e município de Pacoa

O rio Pirá Paraná abriga seis grupos étnicos que falam sua língua: Macuna, Barasano, Eduria, Tatuyo, Tuyuca e Itano. O Wai Ya, como seus habitantes o chamam, é “o centro do coração” de um grande território chamado Hee Yaia Godo (o Território dos Jaguares de Yuruparí), onde a terra, o ar, os animais, as espécies vegetais, os Seres visíveis e invisíveis, seres humanos e culturas contêm o espírito de Hee, esse poder ou essência da vida que faz o mundo existir. A base do conhecimento tradicional, entendida como todo o poder da sabedoria e do conhecimento (keti oka), concentra-se nos espíritos jaguar de Yuruparí (Hee yaia), proprietários do conhecimento do poder de Hee. Os criadores da humanidade legaram a eles esse conhecimento (Hee yaia ~ kubua oka) desde o início, ordenado para a administração de seu mundo e natureza.

 

fonte:

  • https://www.mincultura.gov.co
  • http://www.unesco.org

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