Concebido de forma exemplar, a partir de critérios museológicos e museográficos que dialogam com a própria história do prédio, a antiga Cadeia Pública da cidade de Tiradentes, o Museu de Sant’Ana foi inaugurado em 2014.
O Museu de Arte Sacra Brasileira abriga ao redor de 300 imagens de Sant’Ana, mãe de Maria e avó de Jesus, santa protetora dos lares e da família, bem como dos mineradores.
Reunidas por Angela Gutierrez, presidenta do Instituto Cultural Flávio Gutierrez (ICFG), ao longo de quatro décadas de buscas e pesquisas, as peças constituem um acervo sem similar no país.
Instituto Cultural Flávio Gutierrez
O Instituto Cultural Flávio Gutierrez é uma instituição cultural sem fins lucrativos cuja missão é a valorização e preservação do Patrimônio Cultural Brasileiro em suas mais distintas esferas e expressões.
Reconhecido internacionalmente, o ICFG é uma das instituições brasileiras com presença internacional não só em congressos eventos em Londres e Nova Iorque, ela participa das Reuniões Extraordinárias do Comitê Intergovernamental de Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial da Unesco.
Sediado em Minas Gerais, o estado que abriga o maior conjunto de bens tombados do patrimônio histórico brasileiro e a exemplo do Museu do Oratório em Ouro Preto e do Museu de Artes e Ofícios, em Belo Horizonte, a coleção foi doada ao IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), com reserva de usufruto ao ICFG por 30 anos.
O Instituto Cultural Flávio Gutierrez orienta desde a sua fundação, em 1998: trabalhar, de forma obstinada, em defesa do patrimônio histórico e cultural brasileiro. Ainda como parte deste trabalho de resgate e requalificação cultural, os projetos do ICFG envolvem a recuperação dos prédios históricos nos quais os museus são instalados. Em geral, são prédios já tombados pelo patrimônio público, mas que se encontram em estado precário de manutenção e carentes de adequado tratamento.
A obra e implantação do Museu de Sant’Ana foram viabilizadas por meio do apoio financeiro do BNDES e das parcerias com o IPHAN, Fundação Rodrigo Mello Franco de Andrade e UFMG (Campus Cultural).
Sob esta ótica, a atuação do BNDES alinha-se ao programa do Governo Federal: PAC Cidades Históricas, capitaneado pelo IPHAN, que entende o patrimônio como um ativo capaz de dinamizar o desenvolvimento das localidades envolvidas. A cidade de Tiradentes é um bom exemplo de como o BNDES busca associar preservação de patrimônio público com desenvolvimento sustentável.
O Banco já apoiou a restauração arquitetônica e artística das igrejas Matriz de Santo Antônio, de Nossa Senhora das Mercês e do Pilar do Padre Gaspar e da capela de São Francisco de Paula. O investimento no Museu da Liturgia e na Casa do Padre Toledo junto ao Museu Sant’Ana marca o início de um novo circuito turístico e cultural a la cidad de Tiradentes.
Museu de Sant’Ana
Inaugurado em 19 de setembro de 2014, o Museu de Sant`Ana está instalado na antiga Cadeia Pública da cidade de Tiradentes e abriga cerca de 300 imagens da santa Sant’Ana, mãe de Maria e avó de Jesus, protetora dos lares, da família e dos mineradores.
A edificação situa-se na esquina das ruas Direita e da Cadeia, em frente ao largo do Rosário, o que propicia a ampliação das visadas do prédio e cria um lugar público que convida à permanência. Constitui um exemplar excepcional, por ter sido concebida e edificada separada da Casa da Câmara, rompendo com o padrão usual à época do regime colonial.
No local, estão as diversas representações de Santa Ana, de acordo com a região, o período, o material, a mão do Santeiro e também referências da cidade de Tiradentes e da Cadeia onde o Museu foi instalado.
Com total acessibilidade, incluindo elevador no acesso, além das salas de exposição, o museu conta com o espaço Largo de Sant’Ana, aberto para convivência e adequado para recepção de eventos.
A Coleção de Ângela Gutierrez
A partir de critérios museológicos e museográficos que dialogam com a própria história do prédio da Cadeia Pública de Tiradentes, o Museu de Sant’Ana é um museu de coleção exemplar.
Doada ao Patrimônio Público e sob a gestão do Instituto Cultural Flávio Gutierrez, a coleção impressiona pela beleza, originalidade e relevância São obras brasileiras, de várias regiões do país, eruditas e populares, dos mais variados estilos e técnicas, produzidas em sua maioria por artistas anônimos, entre os séculos XVII e XIX, em materiais diversos.

Ângela Gutierrez destaca-se por seu trabalho ha décadas reunindo uma excepcional coleção brasiliana de esculturas religiosas. Foram quatro décadas de buscas e pesquisas, as peças constituem um acervo sem similar no país.
“A paixão pela arte antiga brasileira e, em especial, pelo barroco, me fez mergulhar em definitivo no universo fantástico e emocionante da arte religiosa”, lembra a colecionadora Ângela Gutierrez.
Por mais de quatro décadas Ângela viajou por cidadezinhas distantes, fazendas esquecidas pelo interior do país, muitas delas semidestruídas, atravessando serras e rios, descobrindo mistérios.
A minuciosa procura da colecionadora viveu o encantamento do encontro com peças únicas, dentro de uma gama enorme de estilos, formas e materiais a traves de visitas a museus, aqui e mundo afora, procurando grandes e pequenos antiquários, percorrendo igrejas ate chegar aos devotos.
“Chega um momento em que a coleção torna-se mais forte que o colecionador, sendo preciso compartilhar o que em silêncio se cultivou. Só assim se permite à arte cumprir mais plenamente a função maior de encantar, emocionar e de expressar os valores humanos”, disse Ângela Gutierrez.
Graduada como administradora de empresas pela Fundação Getúlio Vargas, com especialização em Marketing, Ângela Gutierrez é empresária, colecionadora de arte e empreendedora cultural, uma figura destacadíssima da cultura em Minas Gerais.
Angela é presidenta do Instituto Cultural Flávio Gutierrez (ICFG), que conta com três museus. Ela é também diretora do Museu do Oratório, inaugurado em 1998 em Ouro Preto, e do Museu de Artes e Ofícios, que funciona desde 2005 na praça da Estação. Diferentemente desses dois museus, formados por objetos escolhidos por seu pai, o engenheiro Flávio Gutierrez, falecido em 1984, a maior parte do acervo do Museu de San’Ana é formada por obras reunidas pela própria pesquisadora. Como em todos os museus, uma equipe altamente qualificada se articulou à volta da colecionadora e museóloga.
A devoção à santa veio da infância, quando, aos 14 anos, ganhou de presente do pai , uma pequena imagem de Sant’Ana, lembrando que seu pai foi um dos três fundadores da gigante da construção Andrade Gutierrez (uma das mais ricas do estado).
Em 2011 Angela Gutierrez recebeu a mais importante condecoração cultural dada a um civil pela França: A Ordem das Artes e das Letras. Autoridades políticas, religiosas e representantes da área cultural como ministros, embaixadores, prefeitos, autoridades do IPHAN, amiga do Arcebispo de Belo Horizonte, Dom Walmor Oliveira de Azevedo, todos conformam o mundo de Ângela, uma mulher apaixonada pela arte e cultura, dona de uma força e determinação altamente eficaz, capaz de concretar a traves de sus projetos, a difícil tarefa de resguardar e preservar o patrimônio cultural brasileiro.
Agenda cultural do museu
- EXPOSIÇÃO HERANÇA AFRICANA NA ARTE SACRA BRASILEIRA: ORATÓRIOS
- Local: Centro Cultural Vale Maranhão, Av. Henrique Leal, 149, Praia Grande
Em maio de 2018, a exposição Herança Africana na Arte Sacra Brasileira: Oratórios aconteceu no Centro Cultural Vale (CCVM), São Luís Maranhão com uma coleção vinda das Minas Gerais.
A exposição é uma homenagem ao povo negro do Maranhão e ao legado de tantos artistas anônimos afro-brasileiros. Muitos tinham habilidade escultórica e talento artístico e os exerceram da maneira que lhes foi possível, cheia de percalços e restrições que a escravidão lhes impôs. Os artistas negros que os esculpiram, cuja identidade já não é possível recuperar, deixaram em cada peça a marca de sua cultura de origem, produziram uma releitura de padrões estéticos que não eram os seus e os transformaram definitivamente.

Comunicação Visual
Segundo Frederico Teixeira, expógrafo da mostra, o discurso expositivo procurou atender a escala dos oratórios e seus agrupamentos, considerando bases expositivas existentes e respeitando sua modulação a fim de liberar circulação central, boa parte dos suportes expositivos leva em consideração os planos de parede e divisórias dentro da sala. Os planos de divisórias existentes (em tonalidade cinza escuro) acentuam a ideia de fundo neutro ao mesmo tempo que destacam o primeiro plano dos exemplares apresentados.
Para esta mostra optou-se por criar um claro distanciamento da linguagem gráfica e artística das peças apresentadas. Nas salas foi escolhida uma tipografia geométrica, baseado em círculos e linhas retas, e a cor azul Klein e branco. A solução adotada apresenta o conteúdo de forma contemporâneo e inusitada, abrindo a possibilidade de novas leituras.

Em contraste com esses planos, o azul predominante é um ponto de cor que, através de sua vibração intensa, complementa os diferentes tons de madeira, pinturas e detalhes prevalecentes dos oratórios, diz Frederico Teixeira.
Distintas expressões da arte fazem presencia a través de mostras e eventos, alias do acervo permanente do Museu de Sant’Ana ser exibido.
- “Santas Mulheres – As Heroínas da Fé”
- Local: Museu de Sant’Ana – Rua Direita 93, Tiradentes (MG)
A mostra “Santas Mulheres – As Heroínas da Fé” comemorou os três anos de abertura do museu e reuniu imagens inéditas de artistas populares, eruditos que deram enorme contribuição à arte sacra brasileira, como Aleijadinho, Mestre de Piranga, Frei Agostinho de Jesus e Francisco Vieira Servas. São imagens brasileiras, datadas dos séculos XVII, XVIII e XIX, pertencentes a coleções privadas e, até hoje, nunca expostas ao público.
fonte:
- https://museudesantana.org.br/
- https://ccv-ma.org.br/
- http://www.gazetadesaojoaodelrei.com.br/