A Matriz de Nossa Senhora da Conceição de Antônio Dias está entre os mais belos exemplares barrocos da cidade de Ouro Preto. Ela merece destaque por ser das maiores em tamanho e suntuosidade, senão também pela presença do túmulo de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho e seu pai Manuel Francisco Lisboa.
A Matriz é uma das mais antigas da cidade, com data de 1707. Já a construção da igreja definitiva aconteceu entre 1727. O rico interior original passa por longo processo de restauração, enquanto a fachada sofreu interferências no século XIX e não é mais a original.
Matriz de Nossa Senhora da Conceição de Antônio Dias

Em Portugal, Nossa Senhora da Conceição possuía grande número de devotos quando seu culto foi oficializado por Dom João IV. Em 1646 com a aprovação das cortes de Lisboa, ele dedicou o reino português à Imaculada Conceição. A festa em homenagem a Virgem tornou-se obrigatória em todo o reino e nas suas colônias.

Em sua chegada ao território mineiro o bandeirante Antônio Dias construiu uma capela dedicada a Nossa Senhora da Conceição, por volta de 1699. O rápido crescimento da população do arraial de Antônio Dias exigiu a construção de um novo templo. Os irmãos da Irmandade do Santíssimo Sacramento, e da Irmandade de Nossa Senhora da Conceição construíram a nova igreja, segundo o projeto e sob orientação do mestre de obras, Manoel Francisco Lisboa, pai do Aleijadinho.
Assim sendo, em 1727 iniciou-se a construção da atual Matriz de Antônio Dias cujas obras se estenderam até a segunda metade do século 18. Desde a decisão de levar a proposta de construção da capela à praça pública até o acabamento e douramento dos últimos altares laterais, passaram-se 124 anos; todavia, a capela se abriu solenemente ao culto, ainda inacabada, em “5 de outubro de 1776”.

Não é possível compor uma cronologia das obras da Matriz, uma vez que se perdeu a maior parte dos documentos de seu Arquivo, inclusive os livros da Irmandade do Santíssimo Sacramento, administradora da obra. Sabe-se que os trabalhos de construção foram iniciados um ou dois anos antes do que os da Matriz do Pilar, e tiveram um ritmo bem mais lento.
Apresentando uma arquitetura típica de primeira metade do século XVIII, teve sua fachada modificada em meados do século XIX, numa imitação neo-clássica da fachada, da Igreja de N. S. do Carmo de Ouro Preto.
Várias Irmandades surgiram dentro da Matriz da Conceição, como a de Nossa Senhora do Rosário, Nossa Senhora das Dores, São José dos Bem Casados e muitas outras, para edificar mais tarde suas próprias igrejas.
Cabe destacar a construção do adro em frente à igreja entre 1860 e 1863, cuja obra foi dirigida por Joaquim Mariano Augusto de Menezes, e a colocação de grades que guarnecem os muros do mesmo, em 1881.
O local onde hoje fica a Rua Padre Antônio Carvalho teria sido um grande cemitério no século dezoito, que se estendia desde a Matriz de Antônio Dias até o Córrego do Sobreira.
Maria Dorothéa Joaquina de Seixas, a Marília de Dirceu, também foi enterrada na igreja em 1853, mas seu túmulo foi transferido depois para o Museu da Inconfidência. Ela foi a musa do poeta inconfidente Tomás Antônio Gonzaga, que, inspirado por este amor, escreveu o livro Marília de Dirceu, publicado entre 1792 e 1799.
No dia 8 de dezembro de 2005 a Matriz de Nossa Senhora da Conceição foi elevada à condição de Santuário Arquideocesano da Imaculada Conceição. Segundo Dom Luciano Mendes de Almeida, bispo de Mariana a igreja passa a ser referência de devoção da Virgem Maria na região.
Museu do Aleijadinho
Dentro da Igreja de Nossa Senhora da Conceição, na sala da cripta e na sacristia, funciona o Museu do Aleijadinho (temporariamente fechado enquanto a igreja passa por restauração). O acervo conta ainda com documentos sobre a vida de escultor.

O arquiteto e escultor Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, foi enterrado nesta igreja, provável local de seu batismo. Seus restos mortais estão junto aos de seu pai. Aleijadinho é considerado o mais importante artista do período colonial brasileiro. Ganhou o apelido por volta dos 40 anos de idade, quando passou a andar com dificuldade em conseqüência de uma doença que deformou suas pernas e mãos. A limitação não o impediu, no entanto, de continuar trabalhando na construção de igrejas, capelas e altares das cidades da região do ouro de Minas Gerais, como Sabará, Mariana e Congonhas. Em Ouro Preto, exemplos do trabalho do artista também podem ser encontrados na igreja de São Francisco de Assis e de Nossa Senhora do Carmo.
Filho do português Manuel Francisco Lisboa, mestre de carpintaria, que chegou a Minas Gerais em 1723, e de sua escrava Isabel. Em 1767, perdeu o pai e não foi contemplado no testamento por não ser considerado filho legítimo. Mesmo sofrendo vários preconceitos pela sua condição de mestiço, sua genialidade acabou por consagrá-lo como escultor e projetista admirável. O maior gênio na arte colonial no Brasil.
Restauração dos elementos artísticos e integrados do interior
A restauração arquitetônica do templo foi concluída em agosto de 2017 em uma ação que incluiu a substituição das instalações elétricas e de prevenção e combate a incêndio e o resgate das cores originais da igreja.
Atualmente atravessa o processo de restauração dos elementos artísticos e integrados do interior da Matriz. Orçada em R$ 3,6 milhões, a obra atual refere-se à segunda etapa do restauro da matriz que irá resgatar os elementos artísticos da construção secular.

fonte:
- OLIVEIRA, Monalisa Pavonne, Mestrado. Devoção e poder: a Irmandade do Santíssimo Sacramento do Ouro Preto (Vila Rica, 1732-1800). Mariana, UFOP 2010 (1)
- http://portal.iphan.gov.br/