Há uma série de fatores que são decisivos para o melhor uso da luz natural; aqueles que dependem da geografia, topologia do terreno e do clima, e aqueles que dependem diretamente do projeto arquitetônico e das decisões do arquiteto, como a geometria do edifício, a orientação, as formas e dimensões das aberturas.
As janelas são um grande aliado para transmitir luz, proporciona ventilação natural e até uma iluminação mais apropriada para cada espaço porém as condições de luz natural e conforto térmico muitas vezes entram em conflito um com o outro pois quanto maior a área de janelas maior é a quantidade de luz natural que ingressa, mas também maior é a perda e ganhos de calor, a menos que sejam introduzidos outros elementos para neutralizar esses efeitos.
Proporção da janela
As aberturas nas fachadas são os componentes mais utilizados para transmitir luz natural nos edifícios. O tamanho, forma e material que o compõem são elementos essenciais para a quantificação e classificação de penetração de luz no edifício.
Normalmente, a Iluminação natural pode ser:
- Unilateral, quando as instalações têm aberturas em uma de suas paredes.
- Bilateral, quando tem aberturas em duas de suas paredes. (A combinação de iluminação zenital e lateral é excelente em termos de distribuição e uniformidade de luz).
- Multilateral, quando a sala tem aberturas em três de suas paredes. (Aqui uma iluminação praticamente uniforme é alcançada no espaço).
A iluminação unilateral de um edifício estabelece um limite na profundidade da sua planta para permitir que você alcance uma iluminação adequada durante o dia.
Quanto maior a altura da janela maior é a profundidade de luz no recinto, gerando uma melhor distribuição da iluminação interior.

Desenho de uma janela
Ao projetar uma janela, é igualmente importante levar em conta o tipo de moldura que dará forma à estrutura da janela. Em geral, os quadros reduzem a área de superfície envidraçada e podem alterar a visão para o exterior e, como conseqüência pode reduzir a quantidade de luz recebida dentro do recinto. No caso de considerar um quadro fixo, esta estrutura é mínima o que permite um melhor aproveitamento da luz. No entanto, se forem necessárias janelas abertas para satisfazer as necessidades de ventilação, a modulação e o material escolhido devem ser atendidos.
Forma da janela
De acordo com o número e distribuição das janelas nas paredes, você pode definir o sistema de iluminação e tipo de janela que seu projeto precisará.
A forma das janelas influencia a distribuição de luz. No caso de uma janela contínua, a distribuição da luz será homogênea no espaço. No caso de diminuir o tamanho e ter mais de duas janelas, a iluminação torna-se menos uniforme, criando zonas de contraste entre elas

Sabendo que a penetração da luz natural aumenta com a altura em que a janela é colocada, são recomendados tetos altos para colocar as janelas nas áreas mais altas das paredes.
Sempre que possível, é aconselhável evitar a iluminação unilateral (janelas apenas em uma parede), e usar iluminação bilateral, ou seja, janelas em mais de uma parede para melhorar a distribuição de luz e reduzir o ofuscamento.
Em relação à forma da janela para evitar o ofuscamento, recomenda-se escolher uma janela grande do que várias janelas pequenas. Com uma janela grande, a luz natural causa menos risco de ofuscamento porque aumenta o nível de adaptação do olho e diminui o contraste de luminância no campo visual.
Se pensarmos em iluminação natural também é necessário considerar que tipo de atividade vai ser feita dentro dos espaços da casa e projetar as janelas em função dos trabalhos que se desenvolveram em cada sala.
Existem padrões estabelecidos de altura da janela de acordo com a atividade de cada sala e que fornece uma iluminação natural adequada:
- Quarto 50cm
- Sala de jantar 80cm
- Escritório 100cm
- Cozinha 120cm
- Oficina 150cm
- Banheiro 180cm
Disposição dos elementos de captação
Para capturar a radiação solar direta, tanto quanto possível, os elementos de captura (aberturas) devem ser dispostos os mais perpendiculares possíveis aos raios solares.

A iluminação zenital é uma excelente estratégia para alcançar uma melhor penetração de luz em edifícios de plantas profundas, através da introdução de clarabóias, cúpulas envidraçadas e ou outros tipos de elementos.
Estudos mostram que a iluminação zenital proporciona um excelente aproveitamento da luz do dia, já que geralmente evita a luz solar direto e os possíveis focos de ofuscamento associados ao brilho das janelas laterais.
Importante: As aberturas laterais e as aberturas zenitais têm um comportamento radicalmente oposto em termos de penetração de luz em diferentes épocas do ano.

No caso da captura de luz solar difusa (céu coberto), uma abertura horizontal alta (luz zenital) proporciona uma melhor captura de luz difusa no espaço.
Depois que o arquiteto ou designer tiver uma descrição clara das necessidades de luz no interior do edifício, sugere-se ajustar os requisitos espaciais do projeto com os padrões específicos de luz direta e luz difusa considerando os critérios do design estabelecido.
Orientação das aberturas
A organização espacial de um edifício deve ser pensada em função das atividades que acontecem dentro dele, dos fatores de ocupação do local e da trajetória caminho solar.
Em geral, se considerarmos as diretrizes, devemos saber que a luz natural é alta na fachada norte especialmente em inverno e as estações intermediárias. Durante o verão é mais fácil se proteger do sol, pois o ele tem uma altura maior. Os espaços orientados para o leste têm o benefício do sol de amanhã, mas a radiação solar é difícil de dominar, os raios são baixos no horizonte.

A orientação oeste garante a luz direta do sol na tarde, janelas com essa orientação geram ganhos solares só que nos momentos em que o prédio já tem sido usado grande parte do dia.
As aberturas orientadas para o sul se beneficiam ao longo do ano de uma radiação solar difusa. Justifica-se orientar um espaço para o sul quando necessita de luz homogênea, pouco variável ou difusa.
Tudo o eu tenho falado ate aqui é considerando a localização do Brasil no hemisfério sul, embora os conceitos sejam os mesmo se invertem quando tomamos como referencia o hemisfério norte.
Ignacio
fonte:
- “Manual de Diseño Pasivo y Eficiencia Energética en Edificios Públicos”, Citec UBB, Universidade Bio Bio, Chile.