Mas também a historia da igreja de Santa Efigênia esta ligada á lenda do famoso “Chico Rei”, que conheceremos neste post ao mesmo tempo que percorremos o interior do templo. A lenda conta que foi construída com o ouro extraído da Mina Encardideira do Chico Rei, escravo que foi trazido do Congo, África, e que conquistou a sua liberdade com o trabalho e comprou a mina.
Irmandade do Rosário

Segundo algumas versões a Irmandade do Rosário foi trazida pelos jesuítas e é mesmo possível que tenha vindo com confrades saídos de Portugal, empenhados em introduzir essa piedade nos lugares que procuravam.
Porem essa imagem religiosa está ligada à ocupação da África pelos portugueses e foi levada ao Congo pelos missionários dominicanos que introduziram a Irmandade de Nossa Senhora do Rosário no ano de 1570. Essa devoção veio ao Brasil pelos navios negreiros: É uma herança dominicana no Brasil, onde os dominicanos não estiveram presentes senão a partir do século XIX. Os frades capuchinhos que fizeram a ponte entre uma pastoral africana e uma brasileira conseguiram do superior geral dos dominicanos a licença de pregar a devoção entre os pretos.
Chico Rei – A lenda de Rei do Congo
A igreja de Santa Efigênia esta ligada á lenda do famoso “Chico Rei”, nascido no Reino do Congo, chamava-se originalmente Galanga. Chegou ao Brasil em 1740, no navio negreiro “Madalena”, mas, entre os membros da família, somente ele e seu filho sobreviveram à viagem. Todo o lote de escravos foi comprado pelo Major Augusto, proprietário da mina da Encardideira, e foi levado para Vila Rica como escravo, juntamente com seu filho. Trabalhando como escravo conseguiu comprar sua liberdade e a de seu filho. Adquiriu a mina da Encardideira. Aos poucos, foi comprando a alforria de seus compatriotas.

A devoção à Nossa Senhora do Rosário dos Pretos e à Santa Efigênia fez com que Chico construísse com outros negros uma igreja dedicada às santas. A esta irmandade é atribuída a lenda dos escravos que escondiam o ouro em seus cabelos, indo-os lavar na Igreja de Santa Efigênia, de onde extraíam o dinheiro para a construção e embelezamento do templo, como também para a compra de alforrias.
Por ser uma figura tão importante no folclore de Ouro Preto, Chico Rei é celebrado na cidade no mês de janeiro, já que ele costumava organizar solenidades no Dia de Reis.
O Rei Chico restabeleceu danças e costumes africanos durante as festas que se celebravam. Ele é celebrado até hoje em festas populares que tem canto, dança, procissão e até coroação dos reis do Congo. Vem daí o nome dessa festividade: Congada, Congado ou simplesmente Congo. Diversos grupos de congado evocam Chico Rei como origem do congado, embora estudiosos eruditos contestem esta visão.
Mas também deve-se notar que a história do Chico Rei, o rei africano tornado escravo no Brasil, não possui registros fidedignos.
Em 1966, o romancista Agripa de Vasconcelos publicou o seu romance Chico Rei, onde, usando a estrutura da nota de rodapé do livro História Antiga de Minas Gerais de Diogo de Vasconcelos, publicado em 1901, inventou novos personagens e reinventou a lenda de Chico Rei; nenhum documento anterior a essa data confirma ou sequer menciona a sua existência.
Festa do Reinado de Nossa Senhora do Rosário e Santa Efigênia
O Reinado de Nossa Senhora do Rosário e Santa Efigênia é realizada em honra a Chico Rei no mês de janeiro. Como herança africana, a comemoração é movida pela fé e regada de alegria, música e dança, encantando as ruas de Ouro Preto.
A festa do Reinado abre o calendário de eventos da cidade, e tem o seu ponto alto em 12 de janeiro. Neste dia, está previsto cortejo pelas igrejas, missa Conga o adro da Capela do Padre Faria e apresentações de 35 grupos de congos, moçambiques e marujos vindos de todo o estado.
O Congado tem suas origens nos antigos reinos do Congo, Moçambique e Angol. Os registros apontam que a festa foi realizada pela primeira vez no Brasil há cerca de 200 anos, tornando-se uma tradição da fé afrodescendente.
A festa celebra a figura de Chico Rei que veio do Congo trazido como escravo para o Brasil. Em Ouro Preto, ele conseguiu comprar sua alforria e de outros conterrâneos, que o consideraram “rei”. A festa reúne cerca de 35 Guardas de Congado, Moçambique, Marujos, Caboclos, Catopés e Folias de várias regiões do Estado.
“O encontro que mistura fé, música e resistência abriu a festa do Reinado de Nossa Senhora do Rosário, Santa Efigênia e São Benedito é uma festa que representa a resistência do nosso povo não só na crença, que teve que passar pelo sincretismo religioso quando chegou ao Brasil, como também na cultura e tradições”, diz o Capitão da Guarda de Moçambique Nossa Senhora do Rosário e Santa Efigênia, Kedison Guimarães.
O evento tem suporte da Prefeitura, do Fundo de Patrimônio, e da Secretaria de Estado da Cultura de Minas Gerais, por intermédio do Fundo Estadual de Cultura.
Local: Igreja Matriz de Santa Efigênia, Capela do Padre Faria, Casa de Cultura Negra de Ouro Preto e Teatro Municipal Casa da Ópera.
fonte:
- http://portal.iphan.gov.br/
- http://eild.org/eild-2016-ouro-preto/
- http://historicosop.blogspot.com/
- Foto Credito: Ane Souza