Chegou a hora de falar sobre o Convento das Irmãs Capuchinhas, o Convento Nossa Senhora do Pilar, localizado junto á igreja San Juan Bautista no bairro de Monserrat.
Os únicos dois mosteiros de clausura que Buenos Aires possuía durante o período colonial foram: Nossa Senhora do Pilar, das Capuchinhas – “descalzas”-e Santa Catalina de Sena, das Freiras Dominicanas – “calzadas”.
Um grupo de irmãs capuchinhas deixou Santiago do Chile em 1745 para se estabelecer o segundo convento de freiras da cidade de Buenos Aires. Depois de dois anos dolorosos de viagem por terra, elas chegaram em 174 7. As irmãs da congregação Capuchinhas viveram no claustro até 1982, agora chamadas Clarissas, mudaram-se para a cidade de Moreno (zona metropolitana de Buenos Aires).
Uma parte do convento, foi demolido. Onde atualmente se encontra o “Pátio da Reconquista”, cenário das batalhas sucedidas durante as invasões inglesas (1806 – 1807). Durante os confrontos bélicos o convento foi usado como hospital, para os feridos de ambos os lados. O pátio central era a área usada para atendê-los. A maioria dos soldados patriotas e ingleses falecidos em combate foram sepultados aqui.
O “Pátio da Reconquista” é uma bela praça arborizada, ligada a antigos pátios, cercada pelas paredes originais da igreja – com mais de dois metros de espessura. Nos fundos da igreja, lugar da antiga horta, um importante hotel cinco estrelas foi construído, que a través do Pátio, o Convento e pela moderna torre do “Hotel Intercontinental”, o complexo turístico comunica-se nos fundos com os domínios da igreja.
História da igreja
A antiga Igreja São Juan Bautista está ligada ao estabelecimento em Buenos Aires das Freiras Capuchinhas da Ordem das Clarissas Capuchinhas, um ramo feminino dos franciscanos.
Localizado na rua Alsina 824 no século XVII, hoje no coração da cidade, era um oratório, tão distante do núcleo da incipiente população fundacional, que só era visitado por povos indígenas, chamados de “naturales” e por escravos. Em 1646, foi designada “paróquia de nativos”. No século XVII (1610-1611), a primeira capela foi erguida sob a dedicação de São João Batista.
A construção começou em 1719. Em 1730, a igreja foi designada vice-paróquia da Catedral, começando a funcionar como tal em 1737 e é conhecida pelo nome da igreja de San Juan Bautista, em homenagem a seu patrono.
Um século depois entre construções sucessivas e muitas reformas, no ano de 1754, chegaram a esta igreja as freiras capuchinhas. Com o apoio do bispo Juan González Melgarejo, um grupo de irmãs capuchinhas deixou Santiago do Chile em 1745 para se estabelecer aqui. Depois de dois anos dolorosos de viagem por terra, elas chegaram em 174 7, sendo recebidas com alegria.
O convento de Nuestra Señora del Pilar funcionou nu começo num anexo à antiga igreja de San Nicolás de Barri (hoje inexistente no local foi construído ”O Obelisco”), que ficava na esquina das atuais ruas Carlos Pellegrini e Corrientes (na época nos arredores da cidade), onde as freiras na sua chegada tinham usado como acomodação. Dada a falta de conforto e os inconvenientes da distância, a ordem das Capuchinhas trocou seu primeiro asilo pelo qual ofereciam as dependências da igreja de San Juan Bautista. O capitão D. Juan de San Martín, ofereceu-lhes como doação o terreno ao lado, para a construção do convento, onde se instalaram em meados do ano de 1767.
Em 1778, a antiga igreja foi demolida ate as fundações para levantar outro prédio no mesmo local. Em 1779, sabe-se que essas freiras já estavam procedendo à reparação do templo, cuja construção era bastante deficiente.
Na noite de 16 de Agosto de 1792, durante a comemoração da construção final da igreja, para esse evento, foram utilizados fogos de artifício um dos foguetes disparados do átrio da igreja de San Juan Bautista e atingiram acidentalmente o teto de palha do vizinho Teatro de La Ranchería, que era o primer teatro estável em Buenos Aires, localizado na esquina das ruas Alsina e Peru.
A igreja hoje pertence à congregação dos Padres do Sagrado Coração de Jesus de Betharram, devido a grande precencia de população basca no bairro de Monserrat, os enviaram lá os Padres Bayoneses ou Padres de Betharram em 1856. E ahi que a Igreja San Juan Bautista ganha seu último sobrenome.
Na década de 1970, as freiras dominicanas mudaram-se para um novo espaço, o Mosteiro de Santa Catalina, na localidade de San Justo.
As irmãs da congregação Capuchinhas viveram no claustro até 1982, agora chamadas Clarissas, mudaram-se para a cidade de Moreno (ambas as duas em zonas metropolitanas de Buenos Aires).
Historia do Convento
Os únicos dois mosteiros de clausura que Buenos Aires possuía durante o período colonial foram: Santa Catalina de Sena, das Freiras Dominicanas – “calzadas” – e Nossa Senhora do Pilar, de Capuchinhas – “descalzas” -.
O bairro vecinho de San Nicolas fica do outro lado da praça de Maio. O primeiro Mosteiro de Santa Catalina de Sena foi fundado em 1745.
Quatro anos depois do anterior, o Mosteiro de Nossa Senhora do Pilar, das freiras Capuchinhas, foi construído nas ruas de Piedras e Alsina.
O que restou do convento construído no período colonial?
Uma parte do convento, foi demolido. Ao longo do tempo os padres e monjas alugavam e venderam os terrenos vizinhos que compreendem o atual quarteirão, principalmente por causa de arrecadar alguns fundos para manutenção das instituições religiosas, uma ajuda para suas finanças.
No caso das Capuchinhas, a igreja de San Juan Bautista do bairro Monserrat esta muito bem preservada. Dentro da igreja, na parede direita do Altar-mor, o “coro religioso” (lugar de oração) das freiras capuchinhas foi preservado, como a grade com pontas de ferro agressivos, conforme ordenado pelas regras da ordem.
Vale ressaltar que ao lado do segundo altar lateral, próximo à imagem de São Luis de Gonzaga, escondida na talha do retábulo, há uma pequena porta que comunica com o convento das freiras capuchinas. Trata-se de uma sala minúscula, com no máximo 1,20 metro de lado, onde ainda havia a cadeira onde o padre passava longas horas ouvindo as freiras em confissão. As freiras, desde a clausura do convento, confessavam através de uma pequena abertura feita na parede e coberta por uma grade.
Na lateral da igreja uma antiga porta comunica o templo ao convento. Hoje você pode ver os tornos (usados para a comunicação com o mundo exterior), o ante-coro, salas, os confessionários e o grande pátio central do convento. O convento das freiras anexo à igreja possui grandes claustros cercados por colunatas e, em um dos pátios chamados de “los Capellanes”, constitui um local neutro entre duas unidades.
No centro do patio há uma estátua de mármore de Santa Clara, padroeira menor da cidade de Buenos Aires.
No pátio da casa paroquial, chamado de “Patio da Reconquista”, são enterrados os combatentes das invasões inglesas de 1806 e 1807, patriotas e ingleses. Naquela época, a igreja funcionava como hospital e as freiras tratavam todos os soldados igualmente.
Um grande setor da rua Alsina é uma bela praça arborizada, ligada a antigos pátios, cercada pelas paredes originais da igreja – com mais de dois metros de espessura – e pela moderna torre do “Hotel Intercontinental”, complexo que comunica-se nos fundos com os domínios da igreja estabelecendo um espaço aberto aos turistas, no qual o presente e o passado são harmoniosamente valorizados.
Nos fundos da igreja, lugar da antiga horta, um importante hotel cinco estrelas foi construído. A construção do hotel foi realizado entre 1991 e 1995. Com uma área total de 39.400 m2 em 26 andares, o projeto foi realizado pelos arquitetos Urgell – Fazio & Asociados, Augusto Penedo e Giselle Graci e resultou na adoção de uma tipologia de torre. A forte influência da repetição modular da janela prevalece em sua fachada (uma característica substancial na indústria hoteleira).
Regras e Constituições das Capuchinhas
As palavras convento e mosteiro são e foram usadas alternadamente para designar o edifícios destinados a recintos femininos. No entanto, parece mais apropriado usar o termo convento, que tem sido tradicionalmente usado para edifícios localizados em áreas urbanas.
Os conventos femininos a partir do Concílio de Trento começaram a funcionar como um claustro, uma condição que ao princípio foi resistida, mas depois se tornou geral e foi muito apreciada pelos religiosos e pela sociedade como um todo.
A recolhimento místico em um ambiente fechado era o caminho mais valorizado para uma vida consagrada à religião. Isso foi muito mais incentivado em congregações femininas, pois na “conquista espiritual americana” as ordens masculinas eram aquelas dedicadas à evangelização. O clero secular, mas também a maioria dos regulares, estava em franco contato com a sociedade em que estavam imersos. Por outro lado, nas congregações femininas a partir do século XVI, a vida religiosa implicava reclusão.
As Capuchinhas baseiam suas práticas nas Regras de Santa Clara de Assis (1253), mas houve duas reformas significativas que resultaram na implementação de diferentes Constituições.
A primeira dessas reformas foi realizada por Colette Boylet (Flandres 1381), aprovada pelo Papa Pio II em 1458. Seu principal objetivo estava ligado ao incentivo à condição de pobreza da vida comunitária, extremando o discurso baseado nas regras de Santa Clara em relação a essa condição.
A segunda reforma foi iniciada em Nápoles em 1538 por María Lorenza Longo, com intenção semelhante à reforma anterior em relação ao retorno ao ideal primitivo da congregação, baseava-se nas “Constituições da Santa Coleta”, mas acrescentando práticas da Constituições dos frades capuchinhos, introduzindo algumas variações quanto ao alcance da clausura do claustro e às horas do dia dedicadas à oração.
Posteriormente, ambas as reformas deram origem a dois ramos dentro da comunidade religiosa, os que permanecem nas Constituições da primeira reforma são chamados de “Clarissas” e os do segundo “Capuchinhas”.
O caso do convento de Nossa Senhora do Pilar, em Buenos Aires foi particular, pois, quando elas chegaram à cidade, seguem as Constituições das freiras Capuchinhas, mas em 1934, resolveram aderir às Constituições das Clarissas. O grupo de freiras que queriam continuar como capuchinhas fundou o mosteiro de Montevidéu. Então, na virada do século, elas retornaram para fundar nova sede na Argentina; Villa Elisa, numa cidade perto de La Plata, capital do estado de Buenos Aires.
As irmãs da congregação Capuchinhas viveram no claustro até 1982, agora chamadas Clarissas, mudaram-se para a cidade de Moreno (zona metropolitanas de Buenos Aires).
Freiras Capuchinhas e Catalinas: Diferenças
A vida no claustro significava que as mulheres professas passavam seus dias em um lugar onde o espiritual e o cotidiano ligavam-se num espaço e tempo sagrado. O ingresso no convento como freira professa foi um evento de profundo significado e enormes consequências, uma vez que a requerente mudava de status e se tornava uma “mulher consagrada”.
Quanto à origem familiar das freiras, as Catalinas estavam, sem dúvida, mais próximas da elite. As Capuchinhas eram freiras de uma ordem mais austera, austeridade que se manifestava por não ter propriedades, alimentos e roupas.
O hábito das capuchinas é marrom e o véu preto ou branco, por muitos anos compraram panos da terra, extremamente brutos, esverdeados ou azuis para roupas íntimas. Elas só podiam usar tamancos que eram feitos no mesmo convento: eram feitos de madeira com uma tira branca. Os hábitos eram geralmente feitos com sayales uma espécie de tecido de fio grosso (de estambre), trazidos do estado de Córdoba. Era usado para fazer casacos, capas e, principalmente, hábitos religiosos.
As Catalinas poderia usar chapines. O hábito era de saya branco, o escapular da mesma cor, o manto e o véu pretos, sendo o último branco nas irmãs convertidas e nas noviças do coro. A cor branca é o símbolo da pureza do coração com a qual devem vestir-se, e o preto é um aviso da penitência que devem fazer pelas falhas da vida.
A diferença mais notável é que as Catalinas tinham um grupo de freiras responsáveis pela contabilidade do convento, o que deve ter sido bastante complicado se considerar que os dotes das freiras foram colocados em um censo (taxações) cuja renda tinha que ser coletada e mantida, alias também de ter algumas fazendas alugadas.
No Convento das Capuchinhas, a contabilidade deve ter sido mais fácil, pois viviam principalmente de esmolas que um mendigo especialmente designado colectava diariamente para elas.
No caso das Catalinas, havia um requisito de natureza econômica, a aspirante de freira tinha que contribuir com um dote que, de acordo com as necessidades do convento, variava entre 1.500 e 2.000 pesos, mais 300 para a cela (quarto) e roupas no caso das freiras de véu preto, e para as de véu branco os montantes eram de 500 e 30 pesos, respectivamente.
As Capuchinhas não forneciam dote ao entrar (na solicitação da sua fundação, esse era um dos argumentos mais importantes apresentados: seria um convento para as filhas dos “pobres nobres”), portanto, não eram obrigados a contribuir com um dote; apenas para comprar utensílios, cama, ajoelhado para rezar e roupas.
Desde o momento da sua fundação até 1810, 98 freiras entraram no Convento das Catalinas e 57 no das Capuchinhas, a maioria delas nascidas em Buenos Aires.
Requisitos necessários para entrar no convento

A vida cotidiana nem sempre passava em paz e sossego. A chegada das reformas Bourbon por volta de 1760 expôs conflitos não apenas nos dois conventos, mas entre eles e a sociedade. A conformação social determinava como as famílias de origem eram formadas, de que setor socio-econômico elas eram, por meio de quais mecanismos construíram sua comunidade conventual dividida em freiras com véu preto e branco. A análise dessas situações nos permite entender que, embora a vida no claustro seja apresentada como uma hierofania (uma manifestação do sagrado), era também um espelho daqueles tempos e de sua sociedade.
Os requisitos de admissão responderam a critérios seletivos impostos pela Igreja, pelos mosteiros e pela sociedade, e marcou qual era o perfil necessário para entrar na vida consagrada. A freira aspirante era examinada pelo bispo e pela prioresa (catalinas) ou abadessa (capuchinhas), máximas autoridades nos conventos.
- dote (no caso das catalinas)
- legitimidade
- limpeza de sangue
- vida moderada e bons hábitos
Embora o dote fosse um fardo pesado para a maioria das famílias, nem sempre era o pai da possível freira quem providenciava. Esmola e caridade funcionaram no período colonial, assim foram encontrados vários casos em que um vizinho, parente, padre ou frade o doou. Também foram encontradas várias cartas de um grupo de mulheres pobres enviadas ao vice-rei solicitando autorização para pedir esmolas para formar seu dote e, assim, poder entrar no convento.
Sem dúvida, o dote funcionou como um filtro importante ao determinar em qual convento entrar. Porem con grande surpresa, descobre-se que dentro do Convento das Capuchinhas de extrema pobreza, seis mulheres pertencentes ao mais alto setor da sociedade haviam entrado. O que os motivou a deixar suas casas confortáveis e entrar em um convento cujas celas o bispo De la Torre, após uma visita, descreve como “masmorras”, para realizar tarefas que os escravos realizavam em suas casas? … Talvez seguindo os passos dos fundadores da ordem, São Francisco de Assis e Santa Clara de de Assis, pertencentes eles, a famílias tradicionais e ricas que em um ato de extrema humildade deixaram tudo para responder ao chamado de Deus. O conceito de humildade tinha um espaço importante dentro da imaginação colonial daquela época.
Outro requisito era o da legitimidade. É mencionado nos livros de ingresso ou licenças de ambos os conventos. No arquivo do Convento de Santa Catalina, encontramos uma carta do bispo à prioresa na qual ela pede expressamente para não admitir filhas ilegítimas a freiras de véu preto “porque a dispensação de legitimidade traz muitos inconvenientes”.
Segundo os moralistas da Idade Média, criar e educar filhos naturais eram um dever para os homens. Alguns homens da Buenos Aires colonial também entenderam isso e consideraram o convento uma boa opção para suas filhas ilegítimas.
Ou caso da mulata Antônia González: Limpeza de sangue
O outro requisito era a limpeza do sangue. Quanto a esse tópico, encontramos apenas um exemplo, o que causa enormes problemas no convento das Capuchinhas. É o caso bem conhecido de Antônia González, acusada algumas freiras deste convento de ter sangue mulato por e de ser filha de um alfaiate. Cabe enfatizar que, assim como o “defeito” da ilegitimidade era resolvido silenciosa e rapidamente, o da limpeza do sangue originou um caso que durou mais de quinze anos, envolvendo grande parte da sociedade de Buenos Aires, toda a comunidade religiosa, o bispo, o governador e até o rei. Sabemos que outras questões e antagonismos anteriores entraram nesse assunto. Nos diferentes documentos consultados, vemos confrontos entre o rei e o bispo, o bispo e a abadessa, e um grupo de freiras e a abadessa. Dentro do convento, algumas freiras se recusam a aceitar Antônia González como freira de véu preto.
Como consequência, as revoltosas não recebem os sacramentos por mais de dez anos e foram proibidas de votar nas eleições de abadessa por causa de sua falta de obediência e da rebelião que destruiu a paz do convento. O que estava acontecendo na sociedade de Buenos Aires para que a presença de uma suposta mulata no convento produzisse tal mobilização? As pessoas de raça mista estavam se infiltrando em espaços que os “nobres” e as “pessoas da razão” queriam exclusivamente para si?
A verdade é que esse conflito transformou o convento em uma caixa de ressonância para a sociedade e, portanto, esse espaço não podia mais ser o que Santa Clara queria, fundadora da ordem, modelo, exemplo e espelho para os outros, mas simplesmente um espelho onde a sociedade se viu refletida. O caso refletiu em primeiro lugar na organização hierárquica.
No que diz respeito às abadessas Capuchinhas, dez freiras daquelas que entraram em Buenos Aires até 1810 ocuparam o cargo. De 1749 a 1777, apenas as fundadoras que vieram de Santiago do Chile foram escolhidas. De 1777 a 1789, não houve eleições devido ao distúrbio causado pela presença da suposta mulata.
Quanto à legitimidade, havia algumas exceções: o dote poderia ser formado por esmolas ou doações, mas a questão da limpeza do sangue era um requisito absoluto. O convento era um espaço reservado para os descendentes de espanhóis, fossem eles peninsulares ou crioulos.
Os Tornos e a comunicação com o mundo exterior

– Como foi realizada a comunicação com o mundo em um espaço em que o fechamento foi tão rigoroso?: – O locutório é a sala onde as freiras podiam receber a visita de seus pais e de outros parentes carnais. Elas não poderiam ir sem a autorização do superior. Ao falar, eles tiveram que fazê-lo de tal maneira que as “ouvintes”, duas freiras nomeadas, ouviram e observaram tudo o que acontecia na sala. O setor do claustro foi separado daquele em que os visitantes estavam localizados por uma grade de ferro que devia ter um pano por dentro, para que as freiras não fossem vistas. Quando as freiras se aproximaram do portão, cobriram o rosto com um sobre-velo. O objetivo de tudo isso era preservar as freiras de qualquer contaminação com o mundo que pudesse distraí-las de sua comunicação com Deus.
Outras freiras se comunicavam a traves de dois tornos existentes, o da sacristia e o da entrada. Por esse tipo de janela giratória, as freiras, sem serem vistas, funcionavam como intermediárias entre o claustro e o mundo, recebendo ou entregando o que era necessário, principalmente comida. Todas as cartas ou obituários, que também passavam por esses tornos, eram controlados pela prioresa ou abadessa.
A outra cerca que se relacionava com o mundo era a da igreja; nessa, o pano poderia ser aberto quando a palavra de Deus fosse exposta. No caso das Capuchinhas, lemos na regra que essa cerca deve ser feita de barras de ferro, unida, grossa e entrelaçada, e fortemente aparada com pregos de ferro com pontas apontadas para fora. (Seguindo exatamente essa descrição, podemos vê-la na igreja de San Juan Bautista.) As freiras entraram em comunhão através de uma porta de ferro através da qual o padre introduzia a mão e o cibório (cálice com tampa utilizado na liturgia da Igreja Católica para a guarda de hóstias). As Capuchinhas tinham essa portinha no mesmo portão, as Catalinas de um lado.
Outra forma de contato com o século foram as festividades dos santos padroeiros, celebradas com todo o esplendor que as constituições e a situação econômica permitiam, conforme registrado nos recibos dos conventos. As Catalinas comemoraram o dia de Santa Catalina de Siena e as Capuchinhas de Santa Clara e San Juan Bautista, sob cuja dedicação foi a igreja que tinham recebido para iniciar a fundação. Essas festividades foram realizadas com uma dupla intenção: aumentar a solenidade do culto e para a alegria da vizinhança. Durante as celebrações fogos de artifício, foguetes e mesmo pólvora eram utilizados.
fonte:
- Las monjas de Buenos Aires en tiempos de la monarquía católica, 1745-1810 -Alicia Fraschina (1)
- Los Conventos de Monjas de Buenos Aires – Herencia Cristiana
- El espacio de los conventos femeninos en Buenos Aires: Clausura y conformación arquitectónica. El convento de Nuestra Señora del Pilar de Zaragoza – Marta Mirás, Pablo Willemsen, arquitectos.
- https://turismo.buenosaires.gob.ar/br
- https://www.argentina.gob.ar/cultura/patrimonio