No dia 21 de abril de 2006, três anos e sete dias após o fatídico dia do incêndio, o antigo Hotel Pilão, reconstruído e com nova funcionalidade de Centro Cultural e Turístico, foi finalmente reinaugurado. O projeto arquitetônico veio reparar aquela tremenda perdida ocasionada pelo brutal incêndio que afetou a imagem do conjunto arquitetônico da Praça Tiradentes.
A FIEMG, em parceria com a prefeitura da cidade histórica, revitalizou o espaço, presenteando aos mineiros e turistas com um o Centro Cultural SESIMINAS Ouro Preto. O casarão do antigo Hotel Pilão, teve seu conjunto arquitetônico barroco e toda sua fachada reconstituídos com as mesmas caraterísticas das que existiam antes do incêndio.
Hotel Pilão

Localizado na esquina da Praça Tiradentes com a rua Cláudio Manoel, o antigo casarão de arquitetura colonial era uma referência para os moradores que o denominavam “O Pilão”, graças ao serviço de hotelaria que por décadas ocupou todo o segundo pavimento: o Hotel Pilão.
Nos últimos anos, o hotel teria funcionado no andar superior do casarão, enquanto nos inferiores funcionavam comércios: uma loja de pedras preciosas e jóias, uma loja de móveis, uma loja de artesanato, uma farmácia e um café-internet. Poucos meses antes do incêndio o casarão foi vendido a um empresário do setor hoteleiro não estabelecido em Ouro Preto. O hotel ficou fechado e as lojas permaneceram em funcionamento.
O incêndio no imóvel começou no fim da tarde do dia 14 de abril de 2003 e se alastrou rapidamente; em duas horas a edificação estava destruída pelo fogo. O fogo se alastrou com facilidade devido às condições da construção: paredes de pau-a-pique, madeiramento antigo e ressequido, além do material de fácil combustão nas várias lojas. Espalhada a notícia, as vizinhas cidades de Mariana e Itabirito enviaram socorro por meio dos Bombeiros Voluntários; da mesma forma reagiram empresas e empresários, que enviaram carros pipa. A essa altura já se configurava perda total do prédio, mas havia que se impedir a propagação do fogo para os prédios vizinhos, o que levaria à destruição grande parte do centro histórico, uma vez que os casarões são geminados.

Centro Cultural SESIMINAS
Durante mais de um ano, as ruínas permaneceram na cidade, sem uma resolução sobre o que seria feito no local. Nesse período, o IPHAN tomou providências quanto à catalogação de todos os fragmentos dos elementos arquitetônicos e para a preservação das ruínas e fragmentos de fachadas de valor histórico remanescentes.
Em casos semelhantes de destruição por incêndios ou danos de guerra são admitidas três opções: deixar o lote livre, urbanizando-o; inserir uma edificação notadamente moderna e contrastante com o entorno; ou projetar uma edificação reinterpretando a edificação perdida; sendo a última opção a escolhida para o caso em Ouro Preto.
Foram convocados para participarem representantes da Prefeitura Municipal de Ouro Preto; Universidade Federal de Ouro Preto/UFOP; Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais/CEFET; Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Minas Gerais/CREA; Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais/IEPHA, Programa Monumenta, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional/IPHAN.
Após as discussões promovidas pelas instituições envolvidas, o projeto de reconstrução foi aprovado pelos órgãos de preservação municipal e federal. As obras foram iniciadas em agosto de 2005.
Três anos após um incêndio ter destruído o Hotel Pilão, descaracterizando o conjunto arquitetônico barroco da Praça Tiradentes, em Ouro Preto, o casarão do século XIX teve a sua fachada original reconstituída.

O prédio, criado pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais em dezembro de 2004, foi transformado em Centro Cultural e de informações turísticas, com a capacidade de realização de concertos para até 600 pessoas.
O vazio deixado pelo casarão incomodava profundamente os moradores e turistas já habituados à imagem do conjunto arquitetônico colonial. O projeto arquitetônico veio reparar aquela tremenda perdida ocasionada por um incêndio brutal.
As fundações foram preservadas e também foram recolocadas portas e janelas no estilo daquelas destruídas pelo fogo e preservadas as formas do telhado e as fundações originais.
Projeto de Reconstrução
Logo após a compra do imóvel, a FIEMG contratou o arquiteto Fernando Graça para a elaboração do projeto e a incumbência de manter todos os detalhes da fachada original, o mesmo número de janelas, a mesma e a mesma altura do antigo edifício. A obra foi executada pela TOTAL Engenharia Ltda., sendo os cálculos estruturais feitos pelos engenheiros da FIEMG.
O Interior
A reconstrução do prédio de três andares reproduz a fachada original tanto na dimensão quanto nas formas do telhado. Porem, no interior decidiu-se empregar elementos decididamente contemporâneos, tipo a estrutura em aço, laje pré-moldada, escadas de aço, passarelas de vidro, elevador, materiais cerâmicos, esmalte sintético, argamassa de cimento, concreto, concreto armado, domus, fechamento interno em vidro, instalações hidráulicas, sanitária e elétrica de tecnologia atual.
É com essa concepção que o arquiteto Fernando Graça definiu a reconstrução do antigo casarão do Hotel Pilão, em Ouro Preto.

São três andares, cada um com 500 metros quadrados. O prédio tem a forma perimetral de um bloco trapezoidal com área construída de 1.304,00 m², abriga 3 pavimentos interligados por rampa, escadas e um elevador. O elevador atende aos três pavimentos contíguo ao hall com escada, iluminados por luminárias modernas, respeitando recomendações de acessibilidade.


Como o pé-direito total da edificação permitia 9 metros de altura foi possível prever um piso intermediário (o pavimento térreo), que serve de circulação tanto para o andar superior quanto para as dependências do subsolo. A circulação central se dá por meio de escadas de metal e passarela de metal e vidro com 10 mm de espessura.
Ao longo da escada, da passarela e do elevador, os ambientes estão interligados entre si pelo térreo de maneira harmônica e bem funcional, não existindo nenhum conflito na circulação dos usuários.
Suas plantas são muito simétricas e possuem um jardim de inverno interno iluminado por um domos no lado leste do edifício. A cobertura do jardim de inverno é de metal e vidro aramado, com abertura na medida para vazar luz para o interior da edificação.
A iluminação e ventilação zenital, instalada no lado leste do edifício, proporciona uma maior eficiência luminosa na edificação, através da difusão da luz dentro do ambiente, valendo-se também do efeito chaminé, possibilitando uma ventilação mais eficiente para os ambientes.
As aberturas externas apresentam vergas retas com esquadrias em madeira beneficiada e vidro transparente. As esquadrias são de madeira e outras de pedra. Para manter as mesmas formas retangulares das janelas antigas, optou-se por esquadrias de madeira serrada e beneficiada. O revestimento é do tipo reboco paulista cujo acabamento empregou a tinta a base de água.
A estrutura metálica suporta grandes vãos o que vem a permitir uma circulação mais livre das pessoas entre si e delas com o entorno, sem a presença de barreiras estruturais. Por outra parte os grandes vãos que se formam dentro dos ambientes, a presença de janelas contribuem para uma melhor circulação de ar, o que vem a arejar/ventilar todos os ambientes internos.
Na nova cobertura, optou-se por uma iluminação zenital (domos) porque esta condiciona grande parte de luz natural, o que vem a melhorar a carga térmica interna do edifício.
O telhado é composto por telhas cerâmicas e forro de madeira no pavimento superior, onde o forro é horizontal, isto é, não acompanha a inclinação do telhado. A estrutura do telhado é de treliça metálica coberta com telha de barro tipo colonial. Para suportar os pisos e forros optou-se pela laje pré-moldada rebocada com argamassa de cimento e pintada na cor branca, isso porque ela oferece maior resistência, segurança, durabilidade e praticidade na edificação.
Cafeteria e Livraria
No subsolo está o Centro de Referência do Instituto Estrada Real, com atendimento aos turistas e aos moradores; além disso, há uma livraria, um bar/café e sanitários.
No mesmo subsolo, mais precisamente no bar-café, permaneceu também grande parte da antiga fundação que funciona também como um elemento decorativo, artístico, histórico e cultural para visitantes.
No terceiro pavimento (último andar) estão instalados o Salão Nobre: recepção, sala de jantar, sanitários masculinos e femininos, elevador e cozinha completa. Estas instalações foram preparadas para reuniões de empresários do setor industrial e para receber autoridades nacionais e internacionais.
Espaço para eventos técnicos e culturais
O segundo ambiente sedia uma galeria com exposições abertas ao público e a sala de administração. Já o terceiro é restrito à recepção de autoridades, espetáculos de música e outras manifestações culturais.
Desde sua inauguração, em 2006, já recebeu dezenas de mostras de trabalhos de artistas nacionais e internacionais. Destaca-se como uma das mais importantes galerias do circuito de salas da cidade de Ouro Preto.
Sala multiuso, com capacidade para receber até 100 participantes. Permite inúmeros formatos e configurações para palestras, seminários, treinamentos e cursos.
fonte:
- PATRIMÔNIO, MEMÓRIA E MERCADORIA: uma reconstrução arquitetônica em Ouro Preto, Minas Gerais – Vanessa Regina Freitas da Silva (1)
- RECONSTRUÇÃO DE EDIFÍCIOS HISTÓRICOS: Estudo de Caso do “Antigo Hotel Pilão” em Ouro Preto/MG Marco Antônio de Próspero (2)
- Centro Cultural e Turístico do Sistema FIEMG: o antigo Hotel do Pilão – Aldo Oliveira Caixeta (3)
- https://www7.fiemg.com.br/fiemg
- http://www.institutoestradareal.com.br/notic/index.asp