Buenos Aires está repleta de tanguerías, casas de show com orquestras e bailarinos ao vivo. Muitas casas oferecem um pacote com jantar, são os famosos “Tango-Show” que junto as “Milongas” são o programa preferido dos turistas que visitam a cidade.
O Club Gricel, após seu fechamento temporário em 2019, reabriu como Nuevo Gricel (o Novo Gricel) com uma serie de milongas e aulas de dança que formam parte da programação, mas com uma particularidade que sempre caracterizou este local; a Milonga mas emblemática acontece nas segundas.
Club Gricel
Distante uns dez quarteirões da mítica esquina tangueira de San Juan e Boedo encontramos a tradicional Milonga do Club Gricel.

Tal como aquela antiga casa de baile chamada “María la Vasca”, no barrio de San Cristobal, hoje uma dessas casas é o Club Gricel, um salão cercado de cortinas de terciopelo cor de vinho, com um placar néon rosa chocante no alto da pista exibindo o nome do local encuanto el piso de parquet de madera, refletem a luz do néon.
Entre as milongas mais clássicas da cidade o “Club Gricel” é escolhido pelos tangueiros, principalmente por seu excelente piso em parquet. O local possui uma grande pista de dança e mesas dispostas em um formato circular, o que permite ao público vislumbrar toda a cena.

Milonga Club Gricel
Durante a noite, são tocadas sequências de cinco ou seis tangos, intercaladas com séries de outros ritmos, como salsa. Ao fim de cada ciclo, a pista esvazia, e tudo volta a começar. Essa é a dinâmica da milonga, ninguém fica a noite inteira com o mesmo dançarino, tudo mundo dança com tudo mundo.
O local oferece show de variadas orquestras e todos os tipos de bebidas, além de refeições simples, como sanduíches, pizza ou empanadas, consumidos nos intervalos do baile. Os espetáculos são grandiosos, com coreografias sofisticadas e músicos de primeira linha.
Quando toca tango, a pista fica mais cheia, mais apertada, com muitas dançarinos fazendo a tal cara de tango, que o turista dificilmente vai aprender a imitar na primeira intenção.
Quem quiser aprender a dançar tango em Buenos Aires pode recorrer às aulas, que ocorrem antes dos bailes, nas mesmas milongas, ou às escolas e centros culturais. As aulas duram entre uma e duas horas e os professores ensinam os movimentos básicos do tango. O ideal é fazer, no mínimo, entre quatro e cinco aulas.
Com a indumentária pronta e os passos ensaiados, ir a uma milonga onde se dança o Tango, é uma paixão que nasce no coroação de quem se aventura a virar um tanguero.
Em algumas milongas as mulheres usam saias curtíssimas, vestidos estilosos, mais aqui no Clube Gricel, o que reina e a elegância. Para os Homens “Fino Sport”, o que significa calcas de vestir e camisa, o saco terno fica na mesa, o ponto de encontro com seus parceiros nos momentos de pausa que o DJ impõe regularmente. E a roda volta a rodar e todo volta ao começo onde procurar uma companheira de baile vira essencial.

A cena de Mingolas durante a semana e dinâmica. Todos os dias tem uma milonga acontecendo em algum lugar. Alguns lugares fecham e outros mudam de casa ou dias da semana, mas o site e aplicativo ‘Hoy Milonga’ mantém você atualizado na cena com os horários certos das milongas e aulas.
Os jovens revivem as Milongas de Buenos Aires
O tango é uma das marcas registradas da Argentina. O estilo musical e a dança nasceram em Buenos Aires, no fim do século 19. A figura do “milonguero”, aquele dançarino amador de tango,para quem a dança é uma parte essencial da vida, sofreu considerações diferentes ao longo dos anos: em tempos passados, ele era visto como um sujeito com pouco carinho pelo trabalho, amigo da farra e da noite. Mas com o ressurgimento do tango nos anos 80 e a expansão de seu prestígio em todo o mundo, o status de milonguero se tornou um título de nobreza popular, uma fonte de conhecimento e sabedoria.

Na década de 1990, os jovens se reaproximaram do tango em Buenos Aires e o ritmo ganhou vida nova. Hoje há diversas opções de orquestras formadas por músicos jovens, que tocam desde os temas mais clássicos, até releituras e composições modernas.
Na década de 1990, o tango voltou com força total à cultura portenha, graças ao interesse do público jovem. Declarado Patrimônio da Humanidade pela Unesco em 2009, hoje o ritmo impera na capital argentina.
Em Buenos Aires é possível encontrar diversas opções de casas de shows, milongas e aulas de dança. Durante toda a semana há apresentações ao vivo em bares e milongas. Muitas delas organizam aulas de tango ministradas por bailarinos profissionais antes do início do baile. O ideal é ligar até as 18h para confirmar os horários e reservar mesa.
O bairro San Cristóbal
Como em todo bairro de Buenos Aires o Tango e sua dança, aqui também se enraizou, e como testemunho disso, basta mencionar o Clube Gricel.
Durante a presidência de Domingo Faustino Sarmiento, a pedido do Bispado, foi aprovado e ampliado para 13 o numero de paróquias que compõem a cidade de Buenos Aires. A criação da Paróquia de San Cristóbal, em 10 de fevereiro de 1884, marcou o nascimento do bairro San Cristóbal.
Na região, conformada principalmente de quintais até aquele momento, sua população aumentou rapidamente, ao mesmo tempo em que suas ruas começaram a ser delineadas e a construção dos primeiras casas foram construídas.
Também vale a pena referir-se à Praça Martín Fierro, inaugurada em 14 de julho de 1940, no local onde foram construídas as oficinas metalúrgicas de Pedro Vasena, onde se encontra uma simpática escultura em homenagem a Carlos Gardel, sobretudo do sorriso dele.
“Maria La Vasca”

Desde as últimas décadas do século IX o Tango já tinha focos de produção e difusão (café, teatro e restaurantes), reconhecidos e claramente indentificados. A pegada do Tango, de origem humilde do arraial, chegou também a ser apreciado em grandes salões da festa da aristocracia portenha. Porem todos estes lugares onde o Tango se manifestava tenham características diferentes.
Sob o rótulo frequente (e impreciso) de “Sitios de Tango”, além deles também existiam; o cabaré, as casas de dança e os bordéis. Dentro dos limites da capital, nos bordéis qualificados era proibido dançar e consumir bebidas alcoólicas.
No início do século XX, destacaram-se as casas de baile: “Hansen”, “Laura la Morocha”, “La China Joaquina” e “María la Vasca”.
A mais famosa das casas de dança chamava-se “Lo de Laura”, cuja dona era Laurentina Monserrat. Localizado na Rua Paraguai, 2512, o local estava decorado com pesadas cortinas de veludo, grandes poltronas, grandes poltronas, lustres de caireles, espelhos biselados e jarrones rococó.
Alias daquele local seguía em importância o de “Maria La Vasca”, apelido de sua proprietária María Rangolla, que abriu suas instalações na Rua Carlos Calvo 2721, na aquela época conhecida como Rua Europa.
Vinte quarteirões separados um do outro, “Lo de Laura” (não Bairro Recoleta) e “Maria La Vasca” (bairro de San Cristobal), ao parecer em ambas as casas a dança escondeu a verdadeira fonte de sua renda.
La Vasca não estava preocupada com as aparências. Maria Rangolla nasceu em 1866 na região basca da França, Daí o nome La Vasca. A documentação mais antiga sobre ela na época era que possuía uma academia de dança na esquina das ruas Pozos e Independência, de onde surgiu como dançarina em 1884. La Vasca abriu sua casa de dança privada em 1903 na Rua Carlos Calvo 2721, onde faz parte da história do bairro de San Cristóbal, cenas lendárias da história do subúrbio do Tango.
A casa de María la Vasca ainda está lá, deteriorada, mas com a mesma arquitetura de seus melhores tempos, sem reformas ou peças de reposição. Do ponto de vista arquitetônico, essa propriedade é significativa porque é um expoente da tipologia conhecida como “casa de meio pátio” ou “casa de chouriço” com uma longa tradição na tipologia da cidade de Buenos Aires.
É uma casa que, através de um grande portal e da entrada (zaguán), um corredor dá acesso ao primeiro pátio, cercado pelos principais cômodos da casa, à sala de estar localizada na frente do terreno, dois quartos e sala de jantar. Um segundo corredor dá acesso ao segundo pátio, cercado pelas salas e áreas de serviço; cozinha, deposito, etc.
Naquela época, era quase uma mansão … O valor de ingresso não era nada barato. Era cobrado por hora, com orquestra, a uma taxa de três pesos por cabeça. O malandragem não teve acesso à casa, porque Maria la Vasca escolhia e selecionava sua clientela. Durante os primeiros tempos, as danças de María la Vasca foram acompanhadas apenas por um modesto piano. Os músicos reconheceram que era muito importante visitar a casa basca. Significava um espaço para testar suas aptitudes artísticas, um lugar para se lançar ao mundo do Tango. Lá eles delinearam seus estilos e estreavam seus tangos. Entre outras figuras, a Milonga da Vasca foram animadas pelos pianistas Alfredo Bevilacqua, Manuel O. Campoamor e Rosendo Mendizábal (que apresentou seu grande sucesso lá, por volta de 1897-1898, “El Entrerriano”, considerado um dos tangos mais antigos); também os violinistas Ernesto Ponzio e Genaro Luis Vázquez; o clarinetista Juan Carlos Bazán (autor de um tango chamado La Vasca); e os bandonistas Domingo Santa Cruz e Vicente Greco.

A casa pertencia originalmente ao Sr. Bernardino Stagliano, de origem italiano. A fachada da propriedade possui um baseamento com gesso texturizado e um acabamento constituído por uma viga de sustentação de carga com balaústres e um importante ornamento central, remata uma cornija ornamental. Possui três aberturas: duas janelas jerarquizadas por um frontão triangular com esquadrias ornamentais e a entrada, no lado direito, todas com carpintaria de madeira. Apesar da presença de vegetação invasora no topo, a fachada apresenta um notável grau de autenticidade e um bom estado de preservação.
Em 2010 foi presentado um projeto ao Legislativo de Buenos Aires para declarar o prédio como local histórico, como um dos lendários locais de dança do início do século XX.
fonte:
- https://www.otrabuenosaires.com.ar/maria-la-vasca/
- https://www.clarin.com/
- https://www.hoy-milonga.com/buenos-aires/en