Este bar não só pertence ao seleto grupo de “Bares Notáveis”, trata-se do bar mais antigo da cidade de Buenos Aires.
O Café Tortoni, o mais antigo e um dos emblemas da cidade de Buenos Aires, onde passaram presidentes, reis, escritores e artistas como Juan Domingo Perón, Marcelo Torcuato de Alvear, Carlos Gardel e Jorge Luis Borges, tem mais de 160 anos de histórica na Av. de Mayo.
Um grande salão com forros de madeira, pilastras neoclássicas, mesas de mármore, vitrais e lustres antigos adornando o teto dão vida a um dos endereços mais antigos e conhecidos da América Latina.
Av. de Mayo
A Avenida de Mayo é considerada a coluna vertebral do centro histórico e cívico de Buenos Aires, ligando a Plaza de Mayo (onde fica a Casa Rosada) e a Plaza del Congreso (onde fica o Congresso Nacional Argentino).
A Avenida de Mayo foi uma obra autorizada em 1884, que envolvia a construção de uma avenida de 30 metros de largura, para a qual muitos proprietários deveriam abandonar parte de suas propriedades e outros desapareceriam por completo, um exemplo claro disso a igreja pré-bisteriana escocesa de San Andrés, que foi demolida.
Em 1906, o Congresso Nacional mudou-se das adjacências da Plaza de Mayo para o seu atual edifício na Avenida Entre Ríos. Em 1908 foi inaugurado o Teatro Colón. Foi a época em que, preparando-se para as comemorações do Centenário da Revolução de Maio de 1810, os hotéis Palace, Plaza, Majestic, Paris e Savoy abriram suas portas. Enquanto isso, abaixo da avenida, a primeira linha do metrô de Buenos Aires e Sul América foi inaugurada em 1913.
História do Café Tortoni
Com esse visual a la Belle Époque, a cafeteria mais famosa da cidade foi aberta obviamente por um francês, um imigrante francês de apelido Touan. O Grande Mapa Mercantil da Cidade de Buenos Aires, editado em 1870, por Rodolfo Kratzenstein o localiza na Avenida Rivadavia e Esmeralda com Monsieur Touan como proprietário.
Fundada em 1858, a cafeteria foi batizada de Tortoni, nome emprestado de um estabelecimento frequentado pela elite de Paris no século IXX. A finais desse século o café é comprado pelos novos proprietários: o casal basco/frances Celestino Curuchet e Ana Artcanthurry, que habitavam nos altos do café.

É chamativo que o escritor francês Stendhal (Henri M.Beyle) em sua novela “O vermelho e o Negro”, de 1830, menciona a existência de um Café Tortoni em Paris. Também Machado de Assis referiu-se ao homônimo café francês no conto “A Parasita Azul”, em “Histórias da Meia Noite”, compilação de contos publicada em 1873.
Daqueles primeiros anos em que o Café Tortoni estava localizado na esquina das ruas Esmerada e Rivadavia, não foi encontrado nenhum registro de fotos do prédio; nesse local, mais tarde, “a Confeitaria de Gás” assumiria o local.
O certo é que em 1880 o Bar Tortoni foi trasladado para seu lugar atual, onde anteriormente se encontrava o denominado Templo Escocês de Buenos Aires. Por volta do ano de 1880, devido ao crescimento da clientela Curruchet, decidiu procurar uma localização maior, por isso se mudou para a rua Rivadavia 176, que foi por vários anos a fachada principal do café, até a inauguração da Avenida Mayo acontecer em 1894.
O Cafe Tortoni como sempre, ao longo de sua história, adaptou-se às mudanças da cidade, por isso decidiu-se fazer a entrada principal do café na Avenida de Mayo. O trabalho foi realizado pelo arquiteto Alejandro Christophersen, inaugurado em 1894.
Em seus primórdios, o Café Tortoni foi frequentado pela classe artística e os jornalistas de Buenos Aires que faziam parte do grupo “Agrupação de Gente de Letras e Artes” que se inaugurou em 24 de maio de 1926 e realizou tarefas de difusão cultural mediante concertos, recitais, conferencias, debates, etc. Entre os assistentes se encontravam Alfonsina Storni, Baldomero Fernández Moreno, Juana de Ibarbourou, Arthur Rubinstein, Conrado Nalé Roxlo, Ricardo Viñes, Roberto Arlt, José Ortega y Gasset, Jorge Luis Borges, e Molina Campos entre outros. As mesas viram passar figuras da política como Lisandro de la Torre, Ernesto Palacio e Marcelo Torcuato de Alvear.
Décadas depois passou a se chamar “La Peña”, que foi quando o subsolo do estabelecimento se tornou sua sede, já que, segundo o dono do local brincava que os artistas, apesar de gastarem pouco, traziam fama e prestígio ao Café.
La Peña, que fomentou a proteção das artes e as letras até seu desaparecimento, em 1943, e que era capitaneada por Benito Quinquela Martín, situado na foto ao extremo dereito junto a Marcelo T Alvear.
Decoração do Local
O local apresenta até hoje suas luminárias antigas, o vitral no teto, a caixa registradora de época, algumas obras de arte penduradas na parede e o ar intimista típico.
As paredes do local mostram centenas de fotos, obras de arte e artigos de jornais antigos que dão conta do passado e da transformação que o Café passou ao longo do tempo. Grande destaque para a coleção de abajures em art-vitreaux.
A casa não oferece apenas cafés e também tem um cardápio longo e variado para almoço e jantar que inclui: bife de chorizo, lomo grelhado, saladas e vinhos da própria adega. Se quiser apostar no horário da merenda, opte pelos chocolates com churros, que são insignia do local.
Palacio Gardel
O Legislativo de Buenos Aires aprovou por unanimidade o projeto que declara o edifício histórico chamado Palacio Gardel, localizado na Avenida de Mayo 833, local de interesse cultural, construído entre 1880 e 1894 para a família Unzué.
Carlos Gardel tinha sempre uma mesa reservada para ele no Café Tortoni, longe da vista de seus admiradores. Segundo o poeta Enrique Cadícamo, era a mesa que se encontrava no lado direito do salão junto à janela entrando pela Avenida Rivadavia.
O emblemático Café Tortoni forma parte do Palacio Carlos Gardel no mesmo edifício onde, no primeiro andar, funciona desde 1993 a sede da Academia Nacional de Tango, e acolhe o único Museu do Tango da cidade.
fonte:
- http://www.cafetortoni.com.ar/br/
- https://www.buenosairesturismo.com.br/
- https://www.telam.com.ar
fonte: